quinta-feira, 14 de agosto de 2014

dos incômodos...

.
"proteção
quando o incômodo é demais
me fecho

(os olhos em concha)
crio pérolas
simples reação."

Nanete Neves (adaptado)
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meio olhar
meio luar
meio lugar
e essa pedra guardada nos olhos
sinal do entrave de alguns motivos
onde eu notívago me entrego agora
à uma solidão pássaro
que não voa
porque não são pássaros morcegos
e nem minha solidão é andarilha
me adaptei à vida dos mortos
mas não morro porque de outra forma 

ainda
voo
pela meia morte meio olhar meia noite
meu sul se confunde com o meu norte
meus olhos se confundem com o meu despertar
o meu cuidado é uma linha reta
o meu voo
teleguiado
e mesmo assim
olho transverso com outro sentido
a descoberta
no voo
de um movimento novo
um não olhar
e não olhar não é um não ver
fiquei vazio das imagens comuns
mesmo as minhas não são mais as mesmas
os espelhos pouco se importam
e só uma linha reta me orienta
a linha do espelho é um ser ausente
é como se eu fosse pessoa sem olhos
mas com vista de essências
e é assim que eu me olho
e é assim que tenho visto outros
esvaziados
simplificados
só um foco
um faro e um farol
o meu e do outro
meu olhar agora
é só uma essência
de tudo
.

2 comentários:

Nanete Neves disse...

Que honra ser citada por você, poeta!
E quanta inspiração continua jorrando por aqui.

JULIO CARVALHO disse...

Obrigado de coração! Saudades de você!