dos incidentes...

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"não quero

mais chorar
pelo dia
derramado"
Eliana Pichinine

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acidental

desvanecer a rotina dos rios
pairar sobre as águas com pés de plumas
escapar da obviedade das fronteiras
andar pelas ruas da cidade
e sair a buscar corpos onde perdemos
aquilo que mais amamos
deixar escapar
a última oportunidade
comum e cotidiana
de ser feliz
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o amor é um país cansado
mas eu sou um estado
tão grande de município
que a minha teimosia
é um mundo
inteiro
por isso o amor
para mim
corre sempre o risco
de declarar
independência
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lapidei
pedras
de
palavras
até
esculpir
asse
poema
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Estação Paraíso

perco
a direção
a estação e suas escadas
e no final a referência à esquerda
da catedral
ortodoxa
e sempre se ouve um piano na saída
vindo de dentro dos seus corredores
coreografias das pessoas nos trens
da Ismália enlouquecida atirada na parede
estação linha azul em inglês para gringo ver
nessas paradas
sou um dos que nunca param
faixas amarelas escaldantes para sua segurança
guardas de preto
catracas e guichês
onde estão os trens?
subjugados aos trilhos
como as pessoas
nos seus trajetos
imutáveis

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