quarta-feira, 21 de setembro de 2011

das corrosões...

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‎"Coragem de levantar e falar.
Coragem para sentar e escutar."

Rita Lee
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red exit
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alter(ego)idade

qualquer medo do outro vir à tona
e enroscar seus medos como se fossem galhos
sem apartar sorrisos ou abraços
que são bem poucos

(invasivo)

observar os espelhos invertidos
reconhecer um cada outro
um todos eus
amontoados
num lugar onde ninguém se entende

(abrasivo)

a cautela começa por dentro:
as pessoas são víboras
mas são vísceras
cada órgão interno
de cada bem ou mal de qualquer um
são as reservas
de cada um
eu

(corrosivo)

o sentimento
indepen
deu-se
à toa

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domingo, 18 de setembro de 2011

dos horrores...

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"Não tenho tempo: devoro feito fogo."
Julio Carvalho
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fireman
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sapatos rôtos e outros calçados desnecessários

I

não quero apagar-me
só sinto um susto quando olho do lado
de dentro:
sempre acontece
o medo do dentro desconhecido
desconhecendo o outro alguém
(que é o medo maior)

II

não jogue
uma palavra aos ossos:
ela volta
ressuscitada.

(um zumbi de verbos /faminto de órgãos da razão)
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

das torres...

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“Porquê sempre o dizer do amor tem que ser venerado?
O ódio assim como o amor tem seu lado criativo também...
Afinal não são as tensões do grande ódio que fazem melhor o grande amor?”

Julio Carvalho
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Inhotim-Chris-Burden
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torres

decaindo diversas vezes
desde o tempo que cedeu
durante sua ausência
ninguém se perdeu até então poderia ser o ódio ou
a revolta e todo o mal que te pertenceu na queda
(as grandes quedas e seus resultados)
a vida tem disso:
gostodesgosto
não é obrigação de ninguém
nenhuma reconstrução traz alguém de volta
isso que causa intensa dor
e revolta
é desamor
e serve pra qualquer um

(hoje estou apenas exercendo livremente o meu direito de odiar)
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sábado, 10 de setembro de 2011

das linguagens...

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sou ininteligível inimaginável enigma ímã
Julio Carvalho
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lake
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yin yang

a linguistica é dura
é o masculino da linguagem
é matemática
tabuleiro linguistico
a literatura é parte feminina da linguagem
assim
a linguistica é árida
a linguagem é água
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das overdoses...

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“as pedras se encontram”
reloaded by Marcelo Teodoro
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push crucify
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overdosis poiesis II

alguns corpos respondem em separado como folhas de um livro aberto:
só páginas fechadas conhecem a verdadeira intimidade

espero que um dia inventem uma caneta esferográvida de palavras

não é fácil não
tudo isso jogado no chão
não é fácil não
tudo isso cuspido na mão
não é fácil não
fazer tudo isso sem nenhuma razão

quando do esboço de pequenas alegrias
use os meio-sorrisos
use as meias palavras
com nenhuma reação


estética emocional:
na falta do que sentir
encheu o coração de ausências


muitas vezes prefiro esse outro lugar chamado poesia

declaração de duas pessoas quando longe: estamos lutando nossas saudades

o chão de uns é feito para o futuro enquanto o de outros é só um rabisco para a sobrevivência

as últimas coisas
que eu quero
antes de eu secar
peço que peque um pouco mais
mas com certa classe
com a vontade de um cão no cio
e com a leveza de um ladrão
todo pecado é pouco
todo cuidado é louco
enquanto isso
quero ser salvo por uma razão de milagres


o amor é cheio de vãos
e vens
são muitas as
pinturas e várias demãos
sempre
mais de uma camada
no amor o difícil é o outro lado
do quadro não pintado
do ser
amado

degustação
- não tem lógica a minha escolha
- então encolha essa barriga e engula


não adianta ter um fio condutor se ele não pode ser enfeitado
o fio limítrofe é o fio enfeitado do fim

quero
um poema que funcione
quero
um fluxo de consciência
concreto
quero a paciência da palavra
dispersa
quero isso que a poesia faz:
recomeçar
eternamente
um trabalho de palavras
lentas

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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

dos impasses...

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"Existe uma coisa que não é prazer,
mas é uma energia que você cria para ser mais forte
do que as pessoas que machucam você."

Givago Oliveira
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sound onesound two
sound onesound two
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incisão
ou o que fazer diante do próprio silêncio.

com a faca na mão

oriente-se:

entretenhos
entreachos
desvio
do fio cortante
da lâmina
das palavras

(a palavra entrou assim como se não soubesse onde era a porta)

as cartas na manga
são as facas
da língua
dos outros

na boca
o corte afiado
entredentes
rasgados
tortos
inexatos

(a palavra escolheu a discussão para trazê-la à superfície)

não entendo
que sabor
os outros
enquanto
gosto

amargo caberia em uma linha reta cortante qualquer

des
gosto
dessa
meia raiva
indecisa

acabaria com as discussões dizendo:
olhe sua pele e veja o corte que ela realmente
precisa
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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

dos princípios...



"Quem tem um princípio perdeu seu início.
Princípios são para iniciantes.
Melhores são os Princípios Perdidos.
Princípios Perdidos são aprendizados."
Julio Carvalho


FireDancerDuo
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câmbio, desdigo


eu ando bem bom de mim
olhando as pequenas coisas
as pequenas falas
dos diasúteis

me expulso das complicações
e das mutilações cada vez maiores
invento um tempo de reconsiderar
olho o pouco com os olhos cheios
da vida dos outros
entendo das cores
das dores simétricas

- sem exceções

empresto um ritmo mais acalmado
aclarado no pensamento
em noites
de maior solidão

acabo sabendo que de tantas corridas
idas e vindas e suas vidas
que algumas coisas
de outros
completam

estado que faz com que
o medo do mundo dos outros desdigo
talvez a outra palavra seja não julgo
amigo
.