terça-feira, 22 de setembro de 2009

das linhas cruzadas...

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medo e fuga
palavrassombração
acredite
se puder

dos sólidos...

All that is solid melts into the air. from Sooz on Vimeo.



o que é sólido desmancha no ar
o que é só lido desmancha
em qualquer lugar


Nada

nada de ovo no front,
nada de ovo na vida,
nada de ovo no novo,
no velhovo reprogramado.
nada dentro da casca
nada do lado de fora
afoga do lado de dentro
nada de agradecimento
de quem nasceu primeiro
o novo ou a galinha
morta
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dos segundos...

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quasedentro

ler o posso
o das pegadas
a morte irregular do gozo

somando todos os traços
a mais breve história do amor
a tempo
de um último
orgasmo
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dos limites...

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nefasto-p&b

poema impenetrável

dispa-se das peças
avulsas
dispeça-se
do modo que

diz
que me ama
nu
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dos coloridos...

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Reulf from Charlesque on Vimeo.



casodecriança
em arco-íris
sete pecados
e para cada cor um -
vermelhoira
gularanja
avarezazul
invejanil
vaidadeverde
amareluxúria

e a preguiça
que não se une -
é violenta ultravioleta.
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

da mudez...



entre pessoas
uma arte perdida
essa de dividir
o silêncio
igual
prazer

fica na vontade

uma fome
dentro dos olhos
compartilhada
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

do vidro...

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convergências

são de vidro
água quente
aquece
sangue
gente quente
pele próxima
parece
líquido

ambos líquidos e vivos
gelo e vidro se parecem

queria ambos
quentes-presentes
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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

dos sons...

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trilha sonora para um livro
de página virada
que
não quer tudo entrando
onde nunca
nada foi criado

(tudo pede a autorização dos olhos)

tudo ainda invade muito
tudo ainda quase suicídio
cada palavra um mito
súbito
o livro surdo
só e sempre fechado
a muito mais que sete
chaves

o ruído é uma palavra fervente
queima feito rima
e no ouvido
dói
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cada som é uma chave - cada um é outra chave
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

dos colírios...

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colirio small
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...e continuamos todos humanos para o mesmo fim

argamassa
argumenta alguma coisa
sem pé nem cabeça
sem graça nenhuma
a maldade do outro lado da rua
- pimenta no olho do outro é ar fresco
contanto que não arda no olho da gente
que qualquer pimenta
não faz a menor diferença

o colírio da massa
é festa
feriado
futebol
posse
carnaval e
desgraça
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sexta-feira, 31 de julho de 2009

dos corpos...

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dangerous liaisons

tarde ou cedo
creio ou credo
mão a dedo
meio ao tédio
sem remédio
lado a lado
medo a medo
corpo a corpo
acordo cedo

ileso
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segunda-feira, 27 de julho de 2009

dos antigos...

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road
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VELHA CASA
"River flows back to me".
Bomb The Bass

meu pai tinha dores que nunca iam para a cozinha
eram dores que só ficavam presas
dentro nos quartos da casa
feito moscas
voando em volta da cabeça dele e da minha mãe
minha mãe
por sua vez
teve dores de uma vez só
não teve nem tempo de guardar
o sabor dos gostos
e das coisas que eram feitas no fogão
- minha mãe morreu sem gosto de nada nos olhos
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terça-feira, 21 de julho de 2009

das moderações...

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existe
amor
moderato?
e a coisa intensa que dizem
que não existe mais?

onde as peles e as pernas e os pêlos se perderam?
eram coisas que
estavam sempre juntas
dentro das tramas dos tecidos
e das tramas dos corpos unidos
sobre a leveza cínica dos lençóis
que nem escondem nada
e a vergonha passa longe dos quartos e das camas
porque amar um outro corpo é coisa de além das portas
além dos portos e dos corpos
além dos saltos e terremotos e das outras
desgraças afins

quem dera um dia encontrar
esse amor de fora dos quartos
em mim
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das migrações...

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Video edit from www.hellovon.com
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onde andam esses pássaros
encarquilhados
perdidos no meio da mata
urbana
pássaros de amor vendido
que nunca foram atingidos
por flecha nenhuma de cupido
e ficam sem ar
sem lar
desamados
completamente carentes
dentro de corpos sem vida
e presos
porque as flechas não chegam
dentro
e os pobres pássaros
tristes
pelos seus corações
cativos

...esses pássaros sem olhos de amar
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segunda-feira, 20 de julho de 2009

das maldades...

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deep flow minimal
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“A Paulista não é o coração de São Paulo; é o ataque cardíaco”
http://pirex.com.br/

suspiros poéticos e maldades
das ruas da cidade
onde mais nada cabe
de tanto carro à venda e uma venda nos olhos
acompanha a violência
quem quer olha quem não quer
vende
o corpo a alma a mãe o padre
o que quer
nem o sagrado cabe mais dentro
e o que está dentro
vomita
vento

o resto é só uma questão de medo


na outra esquina
até mudar a cor do sinal

não pare:
corra

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domingo, 19 de julho de 2009

dos manuais...

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“É preciso aprender a caminhar com as dúvidas.”
Flávia Stefani
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MANUAL DO DESUMANO

inspirado COM MEUS BOTÕES
quero ver se isso aqui vinga e
aparece
se posso escrever em paz
essas histórias em segredo
de cuidados
de tudo o que se fala demais
e cansa
tem que ser um desabafo
uma não-conversa autorizada
um falar mesmo
falar até cansar

shoot the breeze

nomear todas as coisas que matam por dentro
imaginando que alguém ouve
- uns com boas intenções podem tentar
mas não adianta:
e até quem mais te ama
entende suas vontades até um ponto
depois é a cara de espanto
sem capacidade de entender um rosto
um olho
um algo posto de lado
no extremo oposto
do corpo
tão humanamente limitados
de um jeito ou de outro
só se importam mesmo
com suas páginas
e páginas de manuais
consultados que não decifram
zero

o remédio está nos poros:
nas mínimas pessoas próximas
que sabem do bom e do certo e
diminuem as dores
de dentro pra fora

enquanto tudo isso
em segredo
está sendo escrita outra página...
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terça-feira, 14 de julho de 2009

dos visíveis...

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mental leaps from Jörg Brönnimann on Vimeo.


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hiper-realidade:
quem disse que eu não posso
escrever tudo aqui
imediatamente
agora?

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olhos em gotas
e o gosto de olhar tanto
que olha sempre
repetido
pra onde vê
e bem entende que as coisas
não vistas
visíveis em outros lugares
estão tão distantes
escondidas
e atrás de tanta coisa junto
dos outros olhos confusos
em tanta luz e luz e luz
informação grau imagem foco
óculos e olhos falantes e lentes
- é quando tudo é muita coisa e só faz
lágrima
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das percepções...

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boysenhisbiscus
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dos fluxos
das flores
de água
a ocupação dos seios puros
os sentidos dos remos
muros nos outros barcos
insetos ocupando a beira do rio
o frio o frio
navegante
a pessoa percebe
em cada rua
o rumo de
um

dentro da pessoa
com as direções perdidas
há a poesia
em
vários
uns
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domingo, 12 de julho de 2009

das memórias...

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“Poeta, não roedor de unhas.”
Werner Aspenstrom

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intimidade:
a outra parte do corpo
que não fala

- você ainda roendo as unhas
pra esconder
a cara?

mordendo as palavras
e deixar escorrer as faltas
pelo tédio dos dias
devagar
devagar
devagar

(o coração-ampulheta
vazio)

é o receio de outros espólios
e dos restos das memórias
dos outros

procurando areia
dentro d’água
seco
.
.
p.
s.
quero o frescor
das flores
novas
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

das prescrições...

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prescribed
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cinco por dia:
quatro às onze da manhã
um às onze da noite

se não for diário
paro agora
o calendário
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das suaves..

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pessoas macias

olhar de longe
olhar as pessoas-agulha
pessoas-elementos-enfiados
artificialmente
em lugares
públicos

bocas costuradas
até que algum judas as separe
as pessoas-moscas
em volta alimentam
carne inveja medo tédio ódio
o vício dos restos que levam
até onde não podem mais ver
onde penetram
feito vudu o corpo
sente
tatuagem agulha sem cor
a queda arranha
o chão de costas
cede
a agulha
o inseto
o corpo

(salvem-se se me puderem)

a falta do beijo
dói
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quinta-feira, 9 de julho de 2009

dos falsos...

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false
.

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a pedra falsa
quebra a cara
o outro
não lapida
mais
nada

a sobra é tosca e bruta
atirada com a raiva
dos cães
na lama
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domingo, 5 de julho de 2009

dos riscos...

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dangerous mode
dangerous mode by Julio Carvalho
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a fala d+

quem tem cala a boca já
imunda de fala
suja língua
lava com sabão
a outra mão
esfrega no chão e suja
tudo de novo
a boca
seca agarra o outro lado da fala
desesperada
pra não ficar
muda
não se sabe nada do que já foi
dito
agora é tarde
e corre o riso

e sempre no fim
ninguém tem nada
com isso

sábado, 4 de julho de 2009

das observações...

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tower small
the tower by Julio Carvalho
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I
mode one
o que um poeta não faz por mim mesmo

II
a gente nasce bom
o mal já vem de longe
(bem antes da gente nascer)
e com o tempo gruda
junto
essa cola

me tirem daqui
agora

III
aqui
virtualmente
sou feito de
poesia
e outras blogagens

IV
o que acontece
é que não sou nada daquilo
que
me
(a)
parece

terça-feira, 30 de junho de 2009

das homenagens...

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Talvez a homenagem mais criativa que eu vi àquele que nos deixou há pouco:
Clique no link abaixo, aperte play e espere Michael começar a cantar.
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the best tribute for Michael
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dos tentáculos...

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do conceito
dos cinco
tentáculos
submersos
- alguns segundos é
tempo para tudo

a respiração pausada
captura
os dedos

uma ação pára o tempo
em reconfiguração
contínua
presente e firme:
dentro da mão em concha
o ritmo
água-viva
flui
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segunda-feira, 29 de junho de 2009

das emergências...

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locked
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sem saída

quando metia a chave em uma porta
abria tudo
qualquer coisa qualquer lugar não tinha segredos
era uma invasão de pensamentos e coisas atrás
de cada giro de maçaneta
abria-se
portas de
prisões bancos apartamentos bares prostíbulos casas de cama mesa e banho
o que pudesse tivesse chave
estupro
entrava
invadia sem o menor pudor e poder
só não podia mudar
e abrir mesmo
o seu
ele próprio

(dentro ele
dentro da casca ele
dele não gosta
do que a língua toca e revele
dele)

nunca teve vontade de sair do outro lado
era tudo
muito
escuro
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dos abandonos...

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slowly
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ele soube – o seu sangue soube
faltava o gozo entredentes

era a hora da mudança

agora para tudo está já
sem voz
não tinha mais escolha de nada
alguma outra coisa antiga já tinha ido
embora apagada sumiu da memória
esqueceu de vez
em quando e quando ele se sentia estranho com
alguma outra lembrança escapava pelos pés
devagar andando nas suas pontas
tentava não apagar tudo
outra vez
chegou mesmo
a sonhar – adormeceu portanto –
mas era tarde da noite e tarde da tarde
acabando tudo em poucas horas
dia após dia
se atracava e sabia
que mudaria
aquilo que era antigo e preso
atrás de si
só havia
um mar
instável

embaixo d’água
suspendeu a respiração
tinham ficado os óculos
seus únicos olhos

então parou de dançar

a maresia tinha cheiro de despedida
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das portas...

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changes
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para o poeta era uma questão de amarelo
ficará impresso num caractere
assim meio aceso atrás da porta
o livro não abre mão da palavra
tinha de ser perfeita

para todo o resto do mundo
era uma questão incolor
sólida

o poeta ofereceu a palavra aberta sobre o peito

a porta abriu em vermelho
.
.
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.
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todo poeta é escolhido para sangrar
.

domingo, 28 de junho de 2009

das sobrevidas...

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light garden
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"En algún lugar debe haber un basural* donde están amontonadas las explicaciones.
Una sola cosa inquieta en este justo panorama:
lo que pueda ocurrir el día en que alguien consiga explicar también el basural."

De Un tal Lucas
Cortázar, Julio; Cuentos completos 2, Buenos Aires, Alfaguara, 1996

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num mundo tão rápido
quem garante a verdade
depois de amanhã?

olha lá uma novidade!
passou...

mais um viral causado por alguns uns hipsters?

(o aterro* das informações precisa ser explicado
e quem explica as informações?
o mundo
um hipertexto
um mundo
um link delas?)

linguagem imagem atitude nova
que morre logo - informação crucificada adeus dará a quem?

só um manifesto lento
detém mortes desse tipo
montes de coisas
tipo toda informação fastfood
agora
agora
agora mesmo
nem tudo precisa morrer
resistindo a vida no ágora
louca solta sem medida
em praça pública
.
.
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uma vez morte informada
qualquer vida será bem vinda
com todo mistério mais que morrer
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sábado, 27 de junho de 2009

dos orgânicos...

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ten organic things

orgânico um
o corpo prepara o cheiro para amanhã
orgânico dois
o chão não planta nada
hoje
orgânico três
não se pisa na grama lavrada
úmida
orgânico quatro
os trevos de quatro folhas secaram
orgânico cinco
dentro
os livros secaram as folhas
juntos
os trevos
orgânico seis
o solo tem teclas de piano
em branco e preto
brotando
orgânico sete
as flores nos galhos
os galhos e o vento em música
orgânico oito
o som se espalha semente
longe
orgânico nove
o chão se abre de novo
cuidando-se
planta
orgânico dez
de algum modo novo
o corpo continua
solo
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sexta-feira, 12 de junho de 2009

do templo...

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outra santa
.

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corpo é continuidade
o corpo é o tudo
o corpo é o tubo
por onde passam indigestões e as sugestões mais absurdas e mudas
as mudanças mais estranhas e diárias
dores de cabeça e dores no peito e dores de barriga
dores inomináveis
e as dores viscerais que nem sabemos o que são
equipes médicas de plantão sugerem autópsias e exames mais detalhados
e não chegam a conclusão nenhuma
o corpo precisa de outros ares
e se adapta
às leis da sobrevivência
e ignora tudo:
tem vezes que o corpo é surdo

sábado, 6 de junho de 2009

da palavra...

.
palavra_morta
.

.
chamo a palavra
ainda que mal usada
ainda que fazendo mal
ainda que verbo
sempre um termo
atrás das grades

toda em demasia
tão despudoradamente nua
atenta ao pudor
dos ouvidos

a melhor palavra
está plantada
na pele

- lá fora outras em néon

descalço
desvio-me
.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

dos fluxos...

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flow
.

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À VISTA

a razão não é uma foto 3X4
nem agora é a hora certa
a fotografia é outra
.........................à margem da vida
e os barcos
rostos pequenos
acidentalmente
atirados na correnteza
nada a perder
nem nada a entender
apenas faça-se
o fluxo
.

sábado, 30 de maio de 2009

dos santos...

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sanctum
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PAN_DEMÔNIOS

santo, santo, santo é o amor que vem do Alto!
não porque uso cálice ou vela
uso um ou outro onde bem entendo
a necessidade é a expressão dos sexos
e os outros
descansam depois do gozo
quando os anjos trepam em paz

uma blasfêmia panssexual:

eu rio porque tenho medo
de afogar
quando eu muito
acredito
em tudo
.
se os anjos não tem sexo
porque se preocupar?
.
e aproveitando as vilanias...

MANUAL DE AUTO-AJUDA PARA SUPERVILÕES
Joca Reiners Terron

Ao nascer, aproveite seu próprio umbigo e estrangule toda a equipe médica.
É melhor não deixar testemunhas.

Não vá se entusiasmar e matar sua mãe.
Até mesmo supervilões precisam ter mães.

Se recuse a mamar no peito. Isso amolece qualquer um.

Não tenha pai. Um supervilão nunca tem pai.

Afogue repetidas vezes seu patinho de borracha na banheira,
assim sua técnica evoluirá.
Não se preocupe. Patos abundam por aí.

Escolha bem seu nome. Maurício, por exemplo.

Ou Malcolm.

Evite desde o início os bem intencionados. Eles são super-chatos.

Deixe os idiotas uivarem. Eles sempre uivam, mesmo quando não
podem mais abrir a boca.

Odeie. Assim, por esporte.
E torça por time nenhum.

Aprenda a cantar samba, rap e jogar dama. Pode ser muito útil na cadeia.
Principalmente brincar de dama.

Ginga e lábia, com ardor. Estômago em lugar de coração,
pedra no rim em vez de alma.

Tome drogas. É sempre aconselhável ver o panorama do alto.

Fale cuspindo. Super-heróis odeiam isso.

Pactos existem para serem quebrados. Mesmo que sejam com o diabo.

Nunca ame ninguém. Estupre.

Execre o amável. Zele pelo abominável.

Seja um pouco efeminado.
Isto sempre funciona com estilistas.

[ in, "Poesia do Dia - Poetas de Hoje para Leitores de Agora", org. Leandro Sarmatz, Ática, SP, 2008 ]
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dos matos...

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ECO VERDE COVARDE & LÓGICO

volta aos galhos
estabelece flores
andar no mato
sem ver
o possível verde arrancado dos olhos
os cheiros e plantas e patas só em telas planas
e os planos de preservação
próprios só das pequenas feras
poucos olhos
longe das cidades e das malditas
concretas imersas ruas










cimento
horizonte após horizonte
parar onde
com essa falta de verde
e
vergonha?

na cara o verde
máscara
na rua a vergonha cinzenta
mascara










a massa
pouco pensante
de conhecimento

tanta coisa
depende
de uma cor


ver
de verdades
que faltam nas plantas
dos olhos
.
o mato pede o pé da planta
e o pé
pede o mato na planta
do pé
.

eu faço poemas para esquecer
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sábado, 16 de maio de 2009

das cidades...

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lick_the_city_move

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olha só eu adulto:
eu chuto nuvens
eu chuto baldes
eu chuto as inundações depois das chuvas
e as correntezas irritantes
sempre que tudo fica muito igual
as coisas causam
se não causam nada
nenhuma intenção besta
basta
o que me resta eu invento
o que presta
eu pego logo
antes que seja surja outra nuvem
suja
e eu chuto tudo
de novo
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quinta-feira, 7 de maio de 2009

dos remixes...

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viruses
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SURPRESA
remix de magma de guimarães rosa
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veio ao meu quarto um besouro
de olhos verdes e couro
e fez do meu quarto uma tabacaria
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um dia caramujo curta-metragem que tudo anda pouco
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AZ EMOCIONAL

Agressividade · Afetividade · Aflição · Alegria · Altruísmo · Ambivalência · Amizade · Amor · Angústia · Ansiedade · Antipatia · Incômodo · Antecipação · Apatia · Arrependimento · Auto-piedade · Bondade · Carinho · Compaixão · Confusão · Ciúme · Constrangimento · Coragem · Culpa · Curiosidade · Contentamento · Depressão · Desapontamento · Deslumbramento · Dó · Decepção · Dúvida · Egoísmo · Empatia · Esperança · Euforia · Entusiasmo · Epifania · Fanatismo · Felicidade · Frieza · Frustração · Gratificação · Gratidão · Histeria · Hostilidade · Humor · Humildade · Humilhação · Inspiração · Interesse · Indecisão · Inveja · Ira · Isolamento · Luxúria · Mágoa · Mau-humor · Medo · Melancolia · Nojo · Nostalgia · Ódio · Orgulho · Paixão · Paciência · Pânico · Pena · Piedade · Prazer · Preguiça · Preocupação · Raiva · Remorso · Repugnância · Resignação · Saudade · Simpatia · Soberba · Sofrimento · Solidão · Surpresa · Susto · Tédio · Timidez · Tristeza · Vergonha

onde_está_você_onde_estou_eu_onde_estamos_os_nós_diários_emocionais
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terça-feira, 5 de maio de 2009

do mashup...

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cutpaste
by http://stefanlucut.com
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start message
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initiate definition

Mexe. Estética do Mashup. Um mashup é um website ou uma aplicação web que usa conteúdo de mais de uma fonte para criar um novo serviço completo. É Branca de Neve e os sete anões ao som de Daft Punk. Assim, não seria errado entender que os mashups são, na verdade, uma natural evolução dos paradigmas anteriores, com a possibilidade de agregar conteúdo mais dinâmico (extraídos de bases de dados), e de apresentá-los em formatos distintos, combinados com outras informações. É Caetano, Calypso e João Gordo na batida do funk. Business mashups focus data into a single presentation and allow for collaborative action among businesses and developers. É e não é conversa de menina. Passa por você. É da urbe suja.

Isso não é um manifesto.

in http://vinhal.blogspot.com/

video example



start remote message

TRANSFERÊNCIA DE ESTADO REPRESENTACIONAL

momentos de crises
qualquer crise
um calor macio em volta de seus ombros e sua alma
uma vontade de nem alcançar
as coisas atiradas pro alto
deixar escorrer pelo poro macio
tudo que já não abastece os saltos poéticos ornamentais
emocionais entre outras coisas tais
que não se fazem mais
e que acariciam e aquecenganam
os recursos últimos íntimos dos seres humanos:
drugs & sex & strange vibes

search search search searches
inúmeras infindáveis muitas

mãos ao alto e acesas e as coisas postas em oração
como reza brava de abrir o chão e fazer chover até canivete
e matar cachorrada a grito
alimentar a alma com a fé dos outros
ali manter a calma sem gritar tão alto
é impossível
julgar ascetas, os penitentes, os místicos
jogar com os pulsos dos outros é cortar consciências
é correr contra suas próprias penitências
pelo meio pela metade pela glória de nossos senhores
amém

chamada de procedimento remoto

getUser()
addUser()
removeUser()
updateUser()
getLocation()
addLocation()
removeLocation()
updateLocation()
listUsers()
listLocations()
findLocation()
findUser()


locate
.
.
.
.
.usuario.
.nombre.Julio Carvalho.nombre.
.genero.humana_mente.genero.
.localizacion href="http://www.example.org/locations/br/sp/sao_paulo"
.Sao Paulo, SP, BR.localizacion.
.usuario.
.
.
.
.
.
end message

.

terça-feira, 28 de abril de 2009

das direções...

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pointedtex
.

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painel farol placa de trânsito faixa de segurança meio fio guia calçada rua estrada nenhuma parada quase nada desvio ponte sobe desce alguém sabe onde fica isso o carro roda até o posto novo enguiço gasolina tanque motor fumaça do outro lado outra estrada passa boi passa boiada que nada boiada nem existe mais peço ajuda a algum rapaz que não ajuda em nada que nada mais um estágio da viagem outro pedágio depois da curva outra curva o mundo se curva e a estrada dá volta e volta e volta uma serra outra serra um morro outro morro eu morro de tédio de tanto morro socorro o pneu está furado por um maldito buraco do lado da pista outra parada não insista que banheiro agora não dá e continuo eu cuspo a poeira do caminhão que passa e entro de novo no carro com cara amarrada a viagem acaba no meio do nada e nada me conforta conforma confirma e eu de novo procuro uma volta meu deus porquê sai de casa agora devia saber que cada coisa tem sua hora será que toda viagem também tem essa cara de coisa vida mal acabada?
.

sábado, 25 de abril de 2009

das noitadas...

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ligths


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quarenta
e quatro anos:
Deus
fez o mundo em sete dias
o meu
é refeito
a cada vinte e quatro horas

Julio Carvalho
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DESNOITADAS NA CARA

tudo quando é noite
escuro se constrói
ver melhor com luz
apagada as coisas são
calmo estático vazio
muito inundo tudo nu
e nem pensa nas vidas que têm
nas gentes que é
não é capaz
ser respostas

ficar
solitariamente
entre objetos
- horizonte papel pedra carro e néon -
esperando sossego
apesar da paixão

lançado
maltratado
mal usado
pelo acaso
caso só com os desmanches dos outros
e os seus animais
e seus cães de caça
e de todos os cães
e dos que fui
e sobrou só instinto
e os ossos roídos
e roupa rasgada
e saliva
e raiva

e algumas vezes
no meio o freio:
o feio desvio da chuva

nessas medonhas
escuriosidades
mais acesas estão as
loucuras que se movimentam contra tudo
contração do pulso
nos mínimos detalhes
das coisas entranhas
das animalidades
das esquinas

nessas noites
sem óculos
sem ócio
entrevendo
entrando muita coisa pelo silêncio
tudo é um míope
embaçado
a essa altura hora noite noites

nessas coisas
empoçadas nos pés dos postes
sacos de lixo
– troféus de bares e becos de luxo
esganam dele fígado
estômago
rim
rindo do enjôo
do pensamento:
o dia seguinte

nessas horas
uma liberdade
louca vagabunda
fêmea filhadaputa
toma o controle
uma vontade de brutalidade
de botar
um fim

...do outro lado um sol na ponta do lápis acaba de escrever o dia.
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domingo, 5 de abril de 2009

dos rasgos...

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plastic
.

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“medo é a impotência de transformar “
http://www.achuvaimovel.blogspot.com

INTERVENÇÕES ABERTAS

não penso no fim
senão não começo
nem sempre escrevo
e ponho um preço

(até as rimas são falsas)

eu não sou de leve
e não pense que eu
leve tanto desaforo assim
pra uma casa só

(tenho sustos e um assalto em delegacia pra suportar)

as lições de casa
mais que bem feitas
não são as linhas
e os arquivos digitais
incomensuravelmente
corretos

são escorregões
por debaixo das mesas
e engasgos e esbarrões
e doem muito
e pra fazer diferença
dor tem que falar alto
senão não ensina nada
só engana
e a gente passa outro analgésico
e começa tudo errado
de novo

(às vezes eu sou
um por acaso
e o acaso é um ruído)

eu sou um des
acordo
breve
um espaço confuso
no final
da frase
( )

quero incandescentemente coisas
indecentes
com um único fio de luz
visível

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da desarte...

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arte elevador
única obra digna de nota no CCBB parte da expo ARTE NOVA ARTE
- intervenção de Julio Carvalho
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a arte elevada
não é levada a sério em
certos
meios centros culturais
e de ARTE
a NOVA
ARTE
a maior parte
ficou para
trás
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quinta-feira, 19 de março de 2009

das explosões...

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explosivo
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“Não faço meus trabalhos para me expressar.
Eu os faço para me modificar.”

John Cage
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dos outros...

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de A a Z small
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"Os corpos são hieróglifos sensíveis."
Octávio Paz

eternal

como contar histórias
dos outros
se o alfabeto é sempre terminado em Z?
um senão só não dá pra tanta coisa
e o mundo está cheio de letras mortas
que vestem pijamas de livros
e livros que sobram no fundo dos olhos
dos outros

todas palavras têm um estranho senso de humor
quando escrevem
dos outros
tudo é obviedade quando se olha por cima da pele
dos outros
a pele é diferente do que a gente veste

queria peles em branco
e alfabetos infinitos
e o internamente
eterno
dos outros
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segunda-feira, 16 de março de 2009

domingo, 15 de março de 2009

das partes...

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desires small
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“O futuro é uma brincadeira que a gente tropeça.”
Tom Zé

vide-se

segurar
as sensibilidades
com muito cuidado
pelo lado de dentro
segurar tudo
pra não cair de maduro
ser o tudo muito
muito eu nós muita voz muito eles
ser vários pontos de vista
ou pontos de ouvido
e não dar pontos sem nós
dois juntos
não ter só
um rumo
e não querer pessoas rasas
pra não se encher
de rasuras
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quinta-feira, 12 de março de 2009

de perto...

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de perto small
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“minha disposição poética???
AMAR a página enquanto
CARNE numa espécie per-
Versa de FODA.”

Wally Salomão

de perto
vê-se o médio espaço entre os dedos
a pouca coisa entre as roupas
os volumes e as metades
os sistemas inteiros
de inalação e tato
e os gostos
e os cheiros inéditos
muito matreiros
e excitantes

de perto
a atração é sísmica
terremotamente assustadora
tanto que se olhar muito nos olhos
o medo é de outro tezão
ou do demais que desponta
nas pontas
dos dedos
dos pênis
e pêlos

santificada culpa!

de perto
existem
demônios
soltos

(de perto EU sou um demônio solto)
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da nudez...

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naked
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dispa-se
dissipe-se
sem vergonha
sem ônus
do cabo ao rabo
ao ânus
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quarta-feira, 11 de março de 2009

dos semelhantes...

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poema joan brossa
POEMA de Joan Brossa
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no no words
para Givago Oliveira

nunca tive muita calma com as coisas.
minha paciência é um relógio invertido
e anestésicamente falando
arranco as flores do ralo.

as casas do outro lado sempre estão
tão portafechadas:
um silêncio como esse às vezes mente.
melhor mesmo não falar nada.
nas horas sem um relógio
o gosto que fica na boca é o que importa.
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domingo, 1 de março de 2009

das conexões...

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digitalized
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mesmo com
banda larga
nenhum
relacionamento
suporta
um só dia
de desconexão
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dos olhos em vista...

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edit
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mode vision

ela viu com olhos de vidro
o espelho do outro
encardido

nas plantas dos pés
os incômodos
reflexos

pisava em cacos
e mini-espelhos
a colocavam
cara a cara

e o amante
de dentro da caixa
disse entre aspas:
moldura
é o espelho dos outros
que não se enxergam
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da com ciência...

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sarcasm one
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minha biologia diz que
sou feito de carne e ossos
crus feito minha falta
feito outras reencarnações
de vidas passadas a limpo
sobra hoje/agora
o que eu tenho de passagem
e posso olhar
desavisadamente
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domingo, 22 de fevereiro de 2009

de falar...

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love_water_orange
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voca_bulário

aprendi a não dizer mais “eu te amo”
e a fazer isso com
todas as outras formas de amor transformadas
em ação e reação

não dizer o “eu te amo” não só pelo dito cujo
ou pelo dito cano
porque tenho visto muito amor dito
entrar pelo ralo

não tendo mais como sentir
faço com que as coisas apareçam
de modo que o encontro dos sentimentos
ultrapasse qualquer palavra
mal
dita

o “eu te amo” anda sendo muito pouco
pros intensos inesperados
que as minhas vontades procuram

...e tenho dito
e que faça o amor
certezas de
ter / ser
sentido
mesmo quando não tenha
sido

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

dos autores...

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"sou ao mesmo tempo
o céu, o pássaro e o ninho."

Julio Carvalho
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walk walk walk
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mecânico

auto
riso
auto
rize
autor
livre-se
do autor
mático
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

dos lugares...

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katrin_korfmann_expo_daily_tex_small
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...o que faz maior
a dificuldade dos encontros
dos olhares
e dos modos profundos

a rapidez das ruas
não oferece
doação

agarre-se
se
puder

e não há nenhum tempo disponível
à venda
nos faróis
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

dos impossíveis...

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impossivel
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"Não temo as cores e sim as palavras" (André Soltau)

gosto do impossível das palavras
multimilionário
super poderoso
meta invisível
ultra romântico

eu já li o impossível
e o possível já não tem mais
a mínima graça

é aqui onde as palavras me salvam
junto das impossibilidades
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domingo, 15 de fevereiro de 2009

da censura...

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livre
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ver
ter
ler
ouvir
o que não se pode
uma questão de poucos que escolhem
o que se pode
ouvir
ler
ter
ver
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da cidade...

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trinco
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na cidade
nada se fecha
tudo se trans
porta

quem não vê
o que a fumaça faz
não percebe

São Paulo
ensina:
polui
lições
em trânsito
e forma
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

das figuras...

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parts of me
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figurativo

você não faz idéia
da falta que um som me faz
sentado aqui no meu banheiro
escrevo um texto que depois leio
e estouro feito um bomba
de raiva desses medicamentos
(nem minhas plantas me sustentam)
todo sabor ou líquido fica sem gosto
e os chinelos é o que me sobram
quando escuto nestes momentos
as músicas que gosto mais
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sábado, 7 de fevereiro de 2009

dos incômodos...

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flor_tijolo
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open:
descobri em meu corpo
a cópia do universo,
o umbigo do unido


vá lá com o tijolo
e com essa flor amarela
esquece tudo isso
e vamos brincar mais um pouco

dos presentes...

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greapineapple
............> desenho de Dulcinéia Catadora com texto de Julio Carvalho
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presente
para Nanete
numa noite de
Alice
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