sábado, 19 de janeiro de 2013

das coletâneas...

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“A arte é um vazamento. 
Eu gosto dos grandes.”

William Raphael
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Cool letânea (via facebook)


eu quero ser
sua nave m
ãe
sem abortar

os dias nublados não são lembrados porque as memórias ficam entre as nuvens

pensamento em branco
n
ão precisa ser pintado
at
é porque
de muitas cores e cenas
vivem minhas
mem
órias.

uma pessoa
natureza morta
nunca exposta

a poesia 
às vezes 
haicai dentro
 
de mim

você se lembra você se lembra que primeiro
dan
çamos sobre o vulcão mas onde
deixamos os doces?

As relações "na nuvem" ou os "cloud friends" atuais: são mesmo como nuvens. Instáveis e passam logo. Isso quando não viram uma tempestade e desaparecem. São chuvas de verão.
Não mude de amigos. Mude de pessoas.

Mudar não é só um comportamento. Mudar é um todo. E não é um só. É mais de um.

poetificação sanguínea:
navegando por mares nunca dantes afogados
passando despercebido pelos lugares comuns
sonhando ao inv
és de olhar

coração em lata. e sem abridor.
quero um espaço sideral
 revelo
relevo
gente que n
ão
me leva
a s
ério

a ironia fina desajustada e a comédia dos anjos decadentes

quem não arrisca, não explica.

 explicações "coisificam" ideias. por isso é que
as ideias nascem infantis e viram coisa.
uma ideia deveria ser crian
ça sempre...

palavra poética isolada: esfacelar

quero a poesia do enigma

numa biblioteca, tanto quanto na vida, você finge que não está achando nada para o assunto te achar.

não vim de tão alto
para ficar abaixo
das estrelas

no princípio era o espelho
depois foram todos quebrados
e os cacos passaram a refletir
os sentidos: eram as sensações das palavras estranhas.

procuro o diferente
um outro repouso
um lugar
uma sinfonia
de variação,

ausências

e fuga

que seja eterno enquanto ouço

meus olhos são pouco para o mundo
e fica mais difícil quando a palavra encontra o sonho.
para a caravela
o mar é pouco

para o poeta
um poema é pouco


navegar um poema
é preciso

Eu não estou dormindo, estou sonhando para dentro.

quero fazer a cartografia dos meus mapas astrais

a tristeza só compensa quando o volume de lágrimas for maior que o de álcool ingerido.

 Saiu da cama pra evitar o sonho.

de tanto imaginar
perdi a realidade 

de vista

 tem como
passar o inferno astral
no para
íso?

eu vim viver pra festa
não pro ensaio

tenho uma intuição mínima
porque meu sexto sentido 

só funciona aos domingos

proesia mínima
quando eu digo
e não faço

você deveria saber que a ignorância também pode ser qualificada, que a ignorância cresce em todo quando e em cada entretanto, cada vez que você acha que você entende das perguntas

eu tenho mais silêncios que palavras

velhas promessas
recebendo
tinta fresca

nem sempre destilo
nem sempre destino
nem sempre desisto

opção sexual: afrodisíaco

a palavra chuva
não tem

poral

Como seria estar/andar por trás dos olhos de um poeta?

Escrevo porque é sólido. Se fosse líquido, poesia.

 insonia:
n
ão existe linguagem
ela acontece
n
ão podemos confundir a linguagem com
a gram
ática
a linguagem acontece no acontecimento
da coisa
ao acontecimento da coisa chamamos de
dan
ça
e a dan
ça bem feita da palavra chamamos de
poesia



Acho que eu não sei o que significa ser normal. São Paulo é até um lugar divertido para ser solitário. Há pessoas por todo lugar. Todos têm seu próprio ritmo. Eu não sei se tenho um. Posso ver todos funcionando naquele compasso. Tenho de ir. Tenho de ir a algum lugar. Aqui.Todos rindo, dançando, fazendo seja o que for. E tudo o que ouço dentro de mim é silêncio. Há algo lá dentro, bem no fundo que é uma coisa só minha. Um defeito mínimo, escondido num cromossomo do meu dna que me torna diferente. Acho que sempre me senti assim. Sempre. Não que seja ruim. É meu campo de força. Nasci imune a algumas coisas externas que de algum jeito eu sabia que iriam me fazer mal. A solidão também tem seus modos de proteger. Mesmo que eu esteja público. Mas a salvo.

Queria que o dia todo fosse como o café da manhã. As pessoas ainda estão conectadas aos seus sonhos. Focadas no esquisito, e ainda não prontas para se comprometer com o mundo. Se tudo fosse sempre um café da manhã, eu estaria bem.

O sono é dos justos e a insônia não se ajusta.

De modo geral, um instante significa mais que tempo, mais que hora, significa eu e café e calma.

 Quem sonha dispensa explicações.

Poeta no fim da vida: sem nada a declamar.

Não me venha com esses olhos de tequila quando eu quero beijo de vodka.

Eu vivo um retângulo amoroso com a minha cama.

Tem quem olhe. Tem quem jogue. Tem quem some. E tem quem te consome.

Doses de humor negro. Sem gelo, por favor.

O amor é uma relação em cadeia.

meus orgulhos são meus muros...

 Eu vivo como se não entendesse nada  mas experimentasse tudo.

dois mil e ter-se

O branco problema da página.

Estou cansado dos grandes relatos. Quero um diário ínfimo.

Quero nuvens de vidro num céu de páginas em branco.

Preciso sonhar a poesia antes de fazer. Mão que escreve não sonha.

O que de mais besta pode te acontecer? Ser atingido por um raio, ser ignorado por alguém insignificante, ser atropelado por um carro forte cheio de uma fortuna que poderia ser sua? Enquanto nada disso acontece a palavra de ordem é urgência!

O que não vale a pena lembrar? Com boas lembranças vêm más lembranças e tenho muito das duas.

Tiraram meus olhos. Soletrei silêncios.

O desejo é só um instante. A consequência, infinita.

Quem me derreteu não sabia que minha alma era de cera.
E ela não evapora.

Telefone sem fim começa por um fio.

Toda fuga é um mecanismo de não busca.

Habito a tranquilidade das coisas. O silêncio me cresce.
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