segunda-feira, 30 de junho de 2008

do outro site...

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. in http://karvelbrazil.spaces.live.com
presences

amordeletras

o povo não faz poesia porque tem medo
e eu faço “cá maior façura”
eu acho que eu faço poesia
porque as palavras gostam de mim
elas chegam bem pertinho e já vão contando seus segredos
e eu fico bobo, esperto e lento
e coloco tudo no papel antes que elas saiam de perto
correndo
isso também é uma espécie de amor, não?
um tipo de amor “letrético” ou amor poético?
um amor tipo de letras?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

do leve sarau...


PRATICAMENTE HOJE

os meus dias são cercados por farpas
ou alegrias
é dessas pontas que o meu coração fala
calculo o ritmo
exato
para dividir com meus amigos
aos poucos

se eu soubesse atravessar o branco
para não adormecer nos muros
acordaria
leve

sigo a herança dos poetas:
os deuses que me perdoem
tanto abuso

pousada está a palavra na fonte
deixo solta
para o silêncio mais puro
acontecer
poesia

"EU SOU UM EXERCÍCIO EM PRIMEIRA PESSOA"
- Uma reflexão sobre o ato de existir e escrever.

Você já pensou?
Quantas pessoas a gente é durante um dia da nossa vida?
A gente acorda preguiçoso, fica ágil durante o dia e acaba quase sempre cansado.
E tem que se confrontar com tanta coisa pela frente e ser e fazer e ter todo tipo de coisa.
Ser meio louco, ser doido, ser são, ser dono, ser ladrão.
Dá vontade de mandar tudo pros ares mas a gente mantém as aparências.
Faz cara de paisagem pra manter a razão.
E não é fácil a gente ser a gente mesmo.
E quando a gente tem que ser a gente mesmo?
Dizer o que pensa, ser sincero...
Os estragos que a gente causa sendo a gente mesmo.
E durante a vida então?
A gente é uma coisa, um personagem diferente em cada fase da vida.
É preciso ser todos ao mesmo tempo sem perder o um
e sem perder o meu exercício de ser eu mesmo.
E como escritores então?
O escritor tem o poder de ser ele mesmo e de ser os outros.
Todos os outros.
E a gente brinca com essas pessoas todas o tempo todo.

(ao som de How Six Songs Collide - Norwegian Recycling)

bonematiko

quinta-feira, 26 de junho de 2008

do plagiador II...


Um Novo Cântico
Adaptado do Cântico dos Cânticos

que o amor que eu encontre
ou o amor que eu tenha um dia
possa me beijar com os beijos da sua boca
porque os seus beijos serão mais deliciosos que o vinho
e suave é a fragrância de seus perfumes
suas carícias nos inebriarão mais que o vinho
e em todas as estações os anos serão mais agradáveis
em eterna primavera
assim será meu amor entre todos os outros amores
como a macieira entre todas as outras árvores da floresta
e esta é a diferença entre estar só e ser amado
querer estar sentado à sua sombra
e sentir o sabor do seu fruto doce à minha boca
sua mão esquerda sobre minha cabeça
e sua direita abraçando-me
calmo

espero voltar o tempo das canções
e a passagem do inverno rigoroso da vida
o fim das nuvens negras
e o término das chuvas
e as flores voltarão a aparecer sobre a terra
e o amor mostrará seu rosto novamente
e deixará eu ouvir sua voz

procuro um amor que desça ao meu jardim
e que durante a noite, na minha cama
não precise mais procurar o sentimento que me falta
buscarei o amor que meu coração deseja
vou levantar-me e percorrer a cidade
as ruas e as praças
em busca do amor que meu coração deseja tanto
um amor que me faça delirar como um só dos seus olhares
mais delicioso que o vinho será esse amor intenso
e o odor de seus perfumes excederá o de todos os aromas
um amor cujos lábios destilam mel
- e há mel e licores raros sob a sua língua
e o amor será
com lábios como um fio vermelho púrpura e quente
com olhos como pássaros e asas ao entardecer
com cabelos macios feito seda pura
dentes de marfim
a vida bela do começo ao fim
será a fonte do meu jardim cuidado
uma fonte de água viva
um regato
um sossego

e eu comerei meu favo com o meu mel
e beberei o meu vinho com o meu leite em presença dele: amor

quando eu dormia, mas meu coração velava
procurando um amor que peço até
que um dia os olhos
- desvia de mim os seus olhos
porque eles me fascinam -
que seus beijos sejam como um vinho delicioso
um rio que corre para o ser amado
umedecendo-lhe os lábios na hora do sono
eu serei para esse amor o objeto dos seus desejos
serei um selo sobre seus braços
calma nos seus abraços
porque o amor será forte como a morte
e a paixão será tanta e violenta como a ira cega
suas centelhas como centelhas de fogo - uma chama divina
e nenhuma torrente poderá extinguir esse amor assim tão pleno
nem todos os rios o poderão submergir
e se alguém desse toda sua riqueza de sua casa em troca desse amor
só obteria o eterno desprezo
por isso serei sempre aos olhos do amor uma fonte de alegria

procuro um amor tão delicado
que não deve ser despertado
nem perturbado
antes que ambos os amantes o queiram despertar
a tempo de torná-lo
eterno...

sábado, 21 de junho de 2008

do evento esperado...


"Nunca comecei um poema
cujo fim eu soubesse.
Escrever poesia é descobrir."
Robert Frost

Primeiro Sarau da Primeira turma do Curso de Formação de Escritores da ESDC.
Dia 28 de junho, das 15 às 17 horas.
Todo mundo lá pra fazer uma festa!!


sexta-feira, 20 de junho de 2008

do plagiador...


A CONFISSÃO

Eu fiz igual.
Eu copiei.
Eu estava lá.
Eu confesso:
sujei minhas mãos nas palavras dos outros.
Mas eu percebi uma coisa -
coloquei muito de mim lá
e me surpreendi
porque fiz de mim e da cópia do outro
alguma coisa
muito
melhor.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

do pobre outro...


...enquanto isso
na casa ao lado:

conto de facas
o gasto de botas
a falta mágica
eram meus des
contos de fadas
quando eu era criança

eu não tive infância
só tive
fome

segunda-feira, 16 de junho de 2008

do eu antigo...


dos olhares inocentes:

o olhar de uma criança
não diz se quebra
uma mesa de tampo de mármore
quando ela é coberta
com uma manta bem grossa
(e aí vem o salto)
e ela se parte
em mil pedaços

a inocência não tem culpa dos acidentes do pensamento.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

da pessoa eu...


AUTOFORMA I

Informe público:
o que seria eu de uniforme
milimetrado, preso, rústico
ao contrário
não sou nada disso
o que me prende, solta, rende
é o tanto de liberdade
com que eu me visto.

AUTOFORMA II

Por outro lado
calado
sempre com medo
cheio de receios
e cismas.
Quando estou desse jeito
- enviesado -
me somem
todas as rimas.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

uma definição inicial...

Texto criado em aula pelo grupo Cristiane, Marcelo, Quina, Júlio, Nanete e Peterso

livre adaptação de Julio Carvalho

poesia é
a novidade que já existe
um instantâneo do momento
o que provoca
inspira
e invoca
o arrepio pela letra
o jogo da paciência
o impacto
o arrebatamento
o que nasce
cresce
e morre
dentro