sábado, 30 de julho de 2011

das sentenças...

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"Meio eu, meio poema."
Julio Carvalho
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light hand
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sentença

lidar com a culpa
suja e mal lavada
que deveria ser apagada
sem resquício de memória

difícil

a culpa vem sempre
quando se adquire alguma coisa
nunca se tem culpa nas perdas -
é quase automático:
o que se perde
não leva nenhuma culpa junto
culpa perdida não dói
a culpa de verdade
é o lixo
acumulado
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terça-feira, 19 de julho de 2011

dos alcances...

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"contar um sonho dormindo sozinho é frustrante:
quando se acorda
até encontrar alguém pra contar
ele sumiu."

Julio Carvalho
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you are here
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alcances

sentimentos, metros
coração, centímetros
emoção, quilômetros

ódio, milímetros
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sexta-feira, 15 de julho de 2011

dos capitais...

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"sua pele nunca vai ter o gosto que meu paladar deseja."
Julio Carvalho
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fast pink house
By Mariano Raff
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velocidade capital

o mundo dá voltas mas acaba em torno de si mesmo/deus é redondo até a volta ao contrário/amável uns aos outros como veio ao mundo nu/quem não se entende não sabe de deus ou do diabo/deus faz as coisas que são entendidas/o capeta faz a confusão das coisas/quem é santo entende/quem é do demo confunde/gente que se confunde sempre/o demo é instalado/deus coitado/é sempre vigiado
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quarta-feira, 13 de julho de 2011

das sonoridades...

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‎"Planejar escrever não é escrever.
Traçar o projeto de um livro não é escrever.
Pesquisar não é escrever.
Falar com as pessoas sobre o que você está fazendo, nada disso é escrever.
Escrever é escrever."

E.L. Doctorow

acusação
Acusação - Julio Carvalho

O diálogo desejável

quantas horas de solidão são necessárias para despertar o diálogo?
nunca se ama como nos filmes
nus e para sempre

nos momentos que anoiteceram aromas
de vinho tinto e nudez
pergunta-se onde nasce o amor próprio e o que é próprio do amor

então é preciso falar
ou escrever
escrever é sobretudo dedos
entrosamento entre dedos e teclados
mas tem a palavra falada
dialogada muito mais e necessária ao amor
depois que a palavra é dita
se consome o sentido daquilo que foi dito
e a palavra pode deixar de existir
pode até desaparecer
se quiser

a fidelidade da palavra é a inteligência
porque nem sempre se sabe quando uma palavra está doendo
sabe-se que se soprar
alivia um pouco
talvez

e se amanhã o medo da palavra
emudecer
perde-se o sentido

(eu por exemplo
como ser poético
eu não sei ter
e não fazer
sentido)

queria a palavra vivendo em pleno estado de domingo
como um tom sem nome conhecido de cor
uma palavra além dos muitos

(esse silêncio dentro desse poema lembra o cinema sem som)

acredito
todo mundo precisa de sinal e ruído
- tirando o silêncio
maior a fala -
a palavra ramifica e desramifica uma pessoa
enlaça, abraça
mastiga alguém cuspindo-o a si mesmo
levando tudo para a novidade
existem palavras que são para pessoas que necessitam de constantes aprendicismos,modos, maneiras, viveres e até sangues

aprendizar não é reapessoar-se
e falar-se melhor
com tudo?
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terça-feira, 5 de julho de 2011

das produções...

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"a lonjura de um infinito menor.
a gramática cresce para silêncio
e é a sensatez que encontra
o título da antítese.
um outro ser ganha o desejo
de um outro.
a sensibilidade é uma questão
de sim ou não.
os dias morrem em varandas
de não casas."

dias debaixo da força das raízes - Sylvia Beirute
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essay
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ri_validade poética

quem esctrreve tudocatrapalhado não esxabme oi que pé um quardrto na praarede que tem que ser entelhandido senceão vira lixopapel amassado toda poeirsa errada tem qyes ser retirtrada do meio unpúblico e revasida cuiddossementae enquanrto é escrita namnão entendooce porque cainda tem gmente que inasiziste em espcremver poefesita cimono se fossae nadare acaba ano lixo dolado da memmsa ouw deleilteada
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segunda-feira, 4 de julho de 2011

das células...

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"Minha metade sozinha nunca poderá remeter às minhas vontades inteiras."
Julio Carvalho
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elevate your mind
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aparador

ninguém pode ver nada
com as pétalas fechadas
guardar-se é cegar-se para hoje

(abrem células)

como a vida é breve
até então só se viam
pássaros
através da janelas
hoje são aviões
outro dia eram galhos de árvores
hoje são armações
outro dia era pôr de sol
e hoje em dia
as janelas do prédio do outro lado da rua
não dizem mais nada
além
da luz acesa
na madrugada
de tudo o que era o antes
fica a pergunta
intacta na sombra da minha porta
fechada
o sol ainda cega
e a vida lá fora
não muda em
nada
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