quarta-feira, 13 de julho de 2011

das sonoridades...

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‎"Planejar escrever não é escrever.
Traçar o projeto de um livro não é escrever.
Pesquisar não é escrever.
Falar com as pessoas sobre o que você está fazendo, nada disso é escrever.
Escrever é escrever."

E.L. Doctorow

acusação
Acusação - Julio Carvalho

O diálogo desejável

quantas horas de solidão são necessárias para despertar o diálogo?
nunca se ama como nos filmes
nus e para sempre

nos momentos que anoiteceram aromas
de vinho tinto e nudez
pergunta-se onde nasce o amor próprio e o que é próprio do amor

então é preciso falar
ou escrever
escrever é sobretudo dedos
entrosamento entre dedos e teclados
mas tem a palavra falada
dialogada muito mais e necessária ao amor
depois que a palavra é dita
se consome o sentido daquilo que foi dito
e a palavra pode deixar de existir
pode até desaparecer
se quiser

a fidelidade da palavra é a inteligência
porque nem sempre se sabe quando uma palavra está doendo
sabe-se que se soprar
alivia um pouco
talvez

e se amanhã o medo da palavra
emudecer
perde-se o sentido

(eu por exemplo
como ser poético
eu não sei ter
e não fazer
sentido)

queria a palavra vivendo em pleno estado de domingo
como um tom sem nome conhecido de cor
uma palavra além dos muitos

(esse silêncio dentro desse poema lembra o cinema sem som)

acredito
todo mundo precisa de sinal e ruído
- tirando o silêncio
maior a fala -
a palavra ramifica e desramifica uma pessoa
enlaça, abraça
mastiga alguém cuspindo-o a si mesmo
levando tudo para a novidade
existem palavras que são para pessoas que necessitam de constantes aprendicismos,modos, maneiras, viveres e até sangues

aprendizar não é reapessoar-se
e falar-se melhor
com tudo?
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