quarta-feira, 25 de abril de 2012

dos passes...

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"sei dos caminhos que chegam
sei dos que se afastam
conheço como começa

como termina o que faço
só não sei como chegar
ao meu próximo passo"

Sei Dos Caminhos (adaptado de Alice Ruiz e Itamar Assumpção)
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asylum
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passe

somos velhos só pelo tempo
- e inclusive eu não tenho nada com isso 
se foi culpa do tempo me envelhecer

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dos incompletos...


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"não se movem:
ficam parafusados
como se fossem
amantes"
Julio Carvalho
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Ways_To_Forget
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incompleto

toda poesia é no fundo um sinal de agradecimento a tudo aquilo que foi  
o que se escreve está dito e consumado
é é dito e consumado. de agradecimento aquilo que foi.  assim que funciona para tudo que é escrito
- o poema não é ninguém

antes
ele reflete o esforço em direção a ele

depois
testemunha através de quem lê,
aquele rosto que se escondeu entre tantos outros

agora
o poema não resguarda nenhuma de suas linguagens
uma nau sem rumo
vai do vento de cada um
leia-se quem se leu
aprenda-se com tantos rostos
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sexta-feira, 20 de abril de 2012

das fundições...

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"o dia abre a mão
 três nuvens 
e estas poucas palavras"
Octavio Paz
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  renovate
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Obs 


a arte fundida à vida 
pode também ser a arte difícil 
porque é ela que obriga o espectador que lê 
a converter-se em um artista ou um poeta 


a palavra carregada de intenções 
faz com que o leitor pare, demore, estude 
e reconstrua a linguagem e o conteúdo da poesia 
a arte, assim, necessariamente 
se funde à vida do leitor 
e não somente à do artista
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quarta-feira, 18 de abril de 2012

dos póstumos...

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"Em meio às ondas da hora
e às tempestades urbanas
conectarei as palavras
que trovarão novas trovas.
Lerei poemas na esquina,
darei presentes de grego;
a cochilar com Homero,
farei negócios da China.
Exporei tudo na rede
sem ganhar nem um vintém:
a vaidade, a fome, a sede,
certo truque, rara mágica.
Que não se engane ninguém:
ser um poeta é uma África."

O Poeta Marginal - Antônio Cícero
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tell us
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póstumo costume de amar

-Não sei o que é amor.
-E você sabe inventar?
-Sei.
-Então sabe o que é amor.


ontem fiquei pensando no amor
e acho que por ter encontrado um dos grandes
e tê-lo vivido intensamente fiquei irremediavelmente contaminado
por esse fantasma que muitas vezes eu não ouso dizer o nome
será o amor verdadeiro uma conspiração?
prefiro que o amor seja uma transpiração, uma inspiração
prefiro o amor que precisa sempre dos beijos teus, beijos meus
resposta
ainda não consigo saber do outro
provações que precisam de mais provas, mais beijos
então é preciso que haja vento sem parar
sim, acredito que precisamos de vento pra navegar
de maneira romântica
como pioneiros
como colonizadores
faço planos, faço malas, desfaço receios, disfarço medos
e continuo aqui, com GPS, mas perdido
pensando em algum encaixe
lembrando de tudo antigo que foi amor
e percebendo que desse ângulo do amor as esquinas parecem todas iguais
inventemos algo pra chamar de amor
um lugar, uma esquina, um fetiche
um amor tateando as coisas e cego segundo a chuva

a nele toda dor o amor pode

a alma parece calçar poesia quando ama

o amor é a medida de quantos de nós existem entre nós

o fim do amor é como quando sai de cena o mágico?
que restará do encanto?
há de ficar comigo a música de antes?
algum espinho? um ás? um espanto?

quando amor
vai se formando do lado
um outro que não sou eu
e nem é nenhum de nós
é uma outra pessoa
com modos de ser azul
e de estar céu
nesse outro público
são aplausos constantes
do quando estando juntos
os que se amam
ficam
em segredo

todo início é fácil.
o que peço meu bem, é que a gente estenda o meio e fuja do fim.

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domingo, 15 de abril de 2012

dos múltiplos...

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moderno
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múltiplo

velocidades
intervenções
máquinas
resultados
e ritmos
quatrílogos e passos
de todas as danças
conhecidas
a aproximação dos contrários
ou ao menos pronunciá-los
já é uma ideia de muito
algum impermeável
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dos instáveis...

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"Porque cantar a rosa, se antes deveríamos fazê-la florir no poema?"
Vicente Huidobro
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instable
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interstício

pra quê ser moderno se Tudo é futuro?
Tudo é um conceito poético
Tudo se move de acordo com amanhã
do verbo
o lugar poético é sempre
sem data
aqui na poesia
até o futuro fica
antigo
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segunda-feira, 9 de abril de 2012

dos esquisitos...

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"o mundo é esquisito
tem mosquito
o mundo cada vez mais num fim
da picada
todo mundo acaba
sem acreditar
em nada"

Julio Carvalho
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the noise
unavailableunavailableunavailable
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subtenso

oceanos
ocasiões
navios, navios
e outras situações
cuidado quando forem
além da névoa

algumacoisacontra
quando não se sabe
o que procura
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quarta-feira, 4 de abril de 2012

dos náufragos...

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"se navegar é preciso
embarco em mim mesmo
e digito naufrágios"

Ana Raquel
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H2
E2
Y2
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acaso

foi com um espanto grave que
li e
poemimetizei
aéreos caos
internos
com as dificuldades
das teclas
que não conheço
fiz das minhas palavras
as letras escondidas
num teclado
esporádico
a melhor fome de saber
que não me perdi
é que as letras me salvam
corajosamente
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Nada como um bom nau_frágil...
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domingo, 1 de abril de 2012

do essencial...

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"essencial como um gole d´água bebido do escuro"
Mário Quintana
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fragile 2
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ato

descobri ontem
que me perdi com as coisas de hoje
não preciso de sinceridades
as coisas móveis já bastam
entendi que as subidas são ruins
e meu freio único
está partido
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