quarta-feira, 18 de abril de 2012

dos póstumos...

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"Em meio às ondas da hora
e às tempestades urbanas
conectarei as palavras
que trovarão novas trovas.
Lerei poemas na esquina,
darei presentes de grego;
a cochilar com Homero,
farei negócios da China.
Exporei tudo na rede
sem ganhar nem um vintém:
a vaidade, a fome, a sede,
certo truque, rara mágica.
Que não se engane ninguém:
ser um poeta é uma África."

O Poeta Marginal - Antônio Cícero
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tell us
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póstumo costume de amar

-Não sei o que é amor.
-E você sabe inventar?
-Sei.
-Então sabe o que é amor.


ontem fiquei pensando no amor
e acho que por ter encontrado um dos grandes
e tê-lo vivido intensamente fiquei irremediavelmente contaminado
por esse fantasma que muitas vezes eu não ouso dizer o nome
será o amor verdadeiro uma conspiração?
prefiro que o amor seja uma transpiração, uma inspiração
prefiro o amor que precisa sempre dos beijos teus, beijos meus
resposta
ainda não consigo saber do outro
provações que precisam de mais provas, mais beijos
então é preciso que haja vento sem parar
sim, acredito que precisamos de vento pra navegar
de maneira romântica
como pioneiros
como colonizadores
faço planos, faço malas, desfaço receios, disfarço medos
e continuo aqui, com GPS, mas perdido
pensando em algum encaixe
lembrando de tudo antigo que foi amor
e percebendo que desse ângulo do amor as esquinas parecem todas iguais
inventemos algo pra chamar de amor
um lugar, uma esquina, um fetiche
um amor tateando as coisas e cego segundo a chuva

a nele toda dor o amor pode

a alma parece calçar poesia quando ama

o amor é a medida de quantos de nós existem entre nós

o fim do amor é como quando sai de cena o mágico?
que restará do encanto?
há de ficar comigo a música de antes?
algum espinho? um ás? um espanto?

quando amor
vai se formando do lado
um outro que não sou eu
e nem é nenhum de nós
é uma outra pessoa
com modos de ser azul
e de estar céu
nesse outro público
são aplausos constantes
do quando estando juntos
os que se amam
ficam
em segredo

todo início é fácil.
o que peço meu bem, é que a gente estenda o meio e fuja do fim.

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