quinta-feira, 24 de julho de 2008

da reedição...

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EGO-LÓGICO


entre um Pessoa
morto
e um Carvalho
vivo
a segunda opção
me parece
mais
viável.
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e sobre sonetos...

SONETO VIRTUAL
Glauco Mattoso

Instale. Acesse. Clique. Tecle. Aguarde.
Dê. Mova. Chova. Salve. Selecione.
Carregue. Faça sol. Digite o fone.
Visite o site. Não seja covarde.

Você já conectou, agora é tarde.
Caiu em meu poder. Sou Al Capone,
de volta, virtual, ícone, clone.
É bom obedecer! Não faça alarde!

Preste atenção, vou dar as instruções:
No tempo faça atrás uma jornada.
Procure em Portugal um tal Camões.

Prive com ele e traga decifrada
a fórmula do deca em diapasões.
Quero patenteá-la formatada.
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terça-feira, 15 de julho de 2008

da oficina quatro...

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Agora o mesmo jogo anterior, mas com nove palavras...

Piscina
Voltar
Harmonia
Sucesso
Biotônico
Sacanagem
Telescópio
Crocodilos
Interrogação

...e o texto com 12 linhas somente:

CRISE ANIMAL

Em volta da piscina eu não tinha mais como voltar.
A harmonia e o sucesso que eu fazia no zoológico eram bem maiores do que aqui nessa casa de subúrbio.
A água em que eu nado tem um gosto estranho de biotônico igualzinha a ração do zoológico. Muita sacanagem ter que ficar nadando nessa água lamacenta.
Puxa como eu queria ter um telescópio agora pra ver como as coisas estão lá no zoológico! Droga! Crocodilos como eu não tem mesmo nenhuma sorte!
Será que minha vida será sempre assim essa lama e essa eterna interrogação?
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sexta-feira, 11 de julho de 2008

da oficina três...

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As 12 palavras:

ABRUPTAMENTE
VOZES
SERENO
VERDADE
ROSAS
SUSPIRO
MANHÃ
ANGÚSTIA
ZODÍACO
INTENSO
ESTAMPIDO
ATÍPICO

e o texto já pronto, feito de susto de madrugada...

DESAPARECIMENTO

... e desapareceu tão abruptamente...
...tal qual as vozes dos mentirosos no sereno da madrugada, evaporando-se sob a luz da verdade da razão e do sol.
...tal qual as rosas colhidas às pressas num jardim, por um namorado de amor novo e namoro recém iniciado.
...tal qual um suspiro de saudade, de manhã, na angústia de um coração apertado de ansiedades, na espera da volta de alguém distante.
...tal qual uma constelação do zodíaco no céu noturno, que some na luz do sol intenso do dia nascendo claro, devagar.
...tal qual o estampido surdo da arma de um assassino qualquer, numa atitude besta qualquer, num assalto qualquer, num dia atípico qualquer, numa cidade violenta qualquer, em um qualquer lugar do mundo.
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quinta-feira, 10 de julho de 2008

da oficina dois...


Texto preparado para a oficina do dia 10/07/2008:

Qual é o peso da vida ?

a questão vem desde o berço
a equação é exata
e a resposta sempre confusa
mas pode-se resumir tudo em:
corpo + vida = tudo
corpo + morte = tudo menos a alma
a alma e seu peso puro
na morte a alma salta
e o corpo fica em silêncio
mudo
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terça-feira, 8 de julho de 2008

das formas poéticas...

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emergencia
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Para o 5° Jogo das Doze Palavras em http://eremiterioblogspot.blogspot.com, agora publicado no mesmo.

Casulo, Conversa,Inferno, Inundar,Luar, Movimento,Nefelibata,Ostracismo,País, Vapor,Variável, Vertical.

ANTI-VERTICAL

Eu sei porque acordei de repente nesse casulo e a conversa lá fora não me importa em nada e eu quero mais que tudo se acabe nesse inferno que o mundo vive e que o céu vá inundar o luar na noite num movimento ausente de formas castrado parado e onde um nefelibata tome conta de tudo e enlouqueça ameace e coloque no ostracismo toda cidade país continente planeta em órbita desaparecendo e formando um vapor inútil e de forma variável oposto encostado longe de tudo dessa confusão e eu todo o tempo deitado em posição de sonho -
anti-vertical.

...e um vídeo gerado no site http://www.youtag.org/ utilizando o nome do poema.
O site cria um video baseado em um sistema gerador e de-indexador de vídeos online.
O mais engraçado é que o vídeo tem tudo a ver com o texto!
Incrível!
Seria esse um vídeo poético indexado pela web?
Uma nova forma de poesia?
O videopoemindexado?
Quem sabe...

Vejam o vídeo em:
http://www.youtag.org/player.php?tag=701
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sexta-feira, 4 de julho de 2008

da poesia visual...

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A través
adv (lat ad+transverse) De lado a lado.
Através de: de um para outro lado de; por entre; no decurso de.

atravez

quinta-feira, 3 de julho de 2008

do oficina um...


. poema com creto
..............................não me lembro de quem é

Microconto escrito na primeira oficina do
Curso de Formação de Escritores da ESDC - Nanete Alves e João Cunha

CIANÓTICO

- Mas ele está azul!
Foi o que eu disse ao segurança do cinema.
Só pude perceber que, momentos depois, as luzes se acenderam
e o homem foi retirado da cadeira do cinema duro, enrijecido, preso,
como estaria ao resto de vida que ainda iria ter.
O mais engraçado é que quando as outras pessoas perceberam as luzes acesas,
não se mexeram e continuaram a fazer o que faziam: um se masturbava,
outros se beijavam e outros transavam sem o menor pudor.
Duas coisas juntas, dois pulsares: um de morte e outros de vida.
Ninguém notou o fato. Mesmo de luzes acesas.
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terça-feira, 1 de julho de 2008

do sim e do não...

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O SIM

MEIO –DIA

Ao meio-dia a vida
é impossível.

a luz destrói os segredos:
a luz é crua contra os olhos
ácida para o espírito.

a luz é demais para os homens,
(porém como o saberias
quando vieste a luz
de ti mesmo?)

Meio-dia! Meio-dia!
A vida é lúcida e impossível.
Orides Fontela


Todos temos segredos. Penso: é necessário revelá-los todos? É nisso que o poema de Orides Fontela faz pensar. Faz pensar também nos segredos sob a luz do sol e do conhecimento. Do auto-conhecimento. Gosto de poemas que fazem pensar e que jogam com palavras. O uso quase natural das palavras. Uma certa fluidez. Todo poema tem que ter uma certa fluidez. São esses poemas-água que eu adoro. Orides faz muito bem isso. Utiliza até de referências não explícitas como por exemplo, sobre o Mito da Caverna de Platão quando diz “porém como o saberias quando vieste a luz de ti mesmo?”. Como que se aqueles homens que saíram da caverna tivessem exposto seus segredos a luz. Gosto dessas interferências de pensamento como se o poeta estivesse apontando outra direção, outra idéia do texto.
E eu gosto da forma. Das frases cortadas de propósito atravessando o poema.
Obriga os olhos a dançarem pelo texto.
Obriga o pensamento a juntar as palavras, juntar idéias.
Gosto de Orides e da forma que ela escreve. E dos significados que ela descreve. E da poesia que ela faz.


O NÃO

ALVA

A bailarina escapou da caixinha, nem lembrou da despedida.
Parecia feita de talco, não fosse o giro tão vago, nas varredelas do ar.
Fugiu em surdina. Pelo ralo, pela pia, pelo olhar da fechadura.
Teria sido manso orvalho, não fosse a estrela descalça, tinha o cadarço nas mãos.
A bailarina se foi, lenço algum no corredor.
Virou vento, garça aflita, verso branco, sem final.
Rosana Picollo

Do chamado gênero raro no Brasil, o “poema em prosa” de Rosana Picollo me faz lembrar uma imagem do nada. Nada de texto. Nada de conteúdo. Nada de nada.O que dizer de uma bailarina fugindo na tentativa de construir uma imagem de ausência? Ausência de quê meu deus! Que imagem de quê? Não dá pra entender. Me parecem aqueles poetas que querem algum destaque em construir poemas “diferenciados” e “consistentes” com linguagem inovadora e moderna. Mas tem limites, não é? O moderno e o inusitado também tem que ser sensível, compreensível e reconhecível a quem lê. A não ser que a intenção do poeta seja mesmo de não querer ser entendido e assim dá-se isso como entendido e ponto final.
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