"deveria,
embora que como criança atentada
vá provocando por aí os sentidos das coisas
até cutucar no corpo das coisas
para dizer "isto é isto"
Mariano Raffaelli
.
objetos de solidão
às vezes
cresce sob meus olhos
uma claridade assustada
no meio das coisas
que vou amando
e de outras que me doem
montanhas de pensamentos
luas que me alcançam
algumas vezes
em certas noites
no meio das coisas
existe um dia que é meu
no princípio do mundo
em que sou o poeta
na presença dessas
montanhas
e luas submersas
sonhos secretos
ruas de loucura
olhos esquecidos
mar sem medo aberto
no céu do estilo
vejo algum bar
e ouço palavras
que giram no frio
ou na garoa do muro
e encontro
meu tempo de lugares
e deslizes
luares de noites entreabertas
ternura e fúria
sob os meus pés
.......................................................................
dizem que perdi a razão
por me deitar com o meu nome
sobre os pés
como um gato
escondendo garras
pelo perigo iminente
de ferir alguém
por me cobrir com as folhas rejeitadas pelo outono
por cantar com a língua nos dentes
por separar o lado direito do lado esquerdo
por fazer do meu corpo uma fábrica de silêncios
por não ver do lado ao lado seguinte
por ver por fora
as pessoas por dentro
eu perdi a razão
sem nenhum lamento
.
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