sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

dos espantos...

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" A alegria de falar se acrescenta à poesia como algo maravilhoso. 
Esta alegria é para ser tomada em sua positividade absoluta.
A imagem poética , para surgir como um novo ser da linguagem, não pode ser comparada , 
para usar uma metáfora comum , com uma válvula que se abre para liberar instintos renegados . 
A imagem poética iluminada por essa consciência de luz se torna completamente inútil 
quando buscada a fundo no inconsciente. 
Se fizéssemos uma análise psicológica , acabaríamos por definir a poesia 
como um majestoso "Lapso da Palavra". 
Mas o homem não é enganado quando exaltado . A poesia é um dos destinos da palavra. 
Na tentativa de aperfeiçoar a consciência da língua no plano poético, 
temos a impressão de tocar o homem com uma nova palavra,
uma palavra que não se limita a expressar idéias ou sentimentos , 
mas que possua tentativas de ter um futuro.
Parece que a imagem poética , em sua novidade , abre um futuro para a linguagem " .

Gaston Bachelard - Introdução à Poética do Devaneio

Tradução livre do espanhol por Julio Carvalho
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The Sparrow and the Crows

o espanto o tempo todo 
com o mesmo corvo
o mesmo pássaro 
dentro dos outros
(negro)
é o que faz medo
o medo é um pássaro preto
espreitando almas distraídas
desavisadas, desencantadas
escondam-se dos corvos 
temíveis,  terríveis, pesados
esses pássaros enfeitiçados
talvez ajude qualquer fagulha
(para espantar o escuro é preciso amanhecer
com espantalhos de absurda 
clarividência)
antes que desapareça 
tamanha
plantação de sonhos
e nada mais cresça
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