sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

das despressurizações...

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"poesia despressuriza" 
Nicolas Behr
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cada acaso é um caso
no entanto 
a impressão final
é outra
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aprendendo a xingar 
com precisão cirúrgica
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eu quero pão
tempo

paciência
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trago a beleza trágica
daquilo que não é
para aquilo que é
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estou entre fiapos de ossos 
de fratura de alma exposta
delirando na gravidade zero do desejo
eu me desloco sem chão
na dimensão do sonho
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tauromaquia:
só consigo um rascunho
quando tento 
pegar um touro à unha
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sempre esqueço
nunca trago
só a vontade
é quem me diz
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alguns acreditam que o ódio 
é mais inteligente que o amor
e se acreditam 
é porque eles próprios 
montaram cultos e altares 
sem deuses verdadeiros
esses altares que envelhecem
prematuramente os corações:
a fama e o poder
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eu faço a letra coreográfica
caligráfica
a graça da tecnologia do meu desejo
onde caibam
todas as palavras
ditas numa tela plana
em full HD
feito cinema
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missa

em nome do pai
do filho e do espírito do encanto
que eu não tive quando criança
virei um rapaz mais velho
e paz na terra 
aos rapazes de boa vontade
que o rapaz passe
que o rapaz cisme
sem mim
sem você
sem ninguém
senhores
tende piedade de nós
amém

(mas sobretudo
livrai-me
e nos livrai
da ideia avassaladora
de que não me resta
e não nos resta
outra escolha)*

*Bruno Zeni
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