domingo, 19 de janeiro de 2014

das mitologias...


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"Portanto, o que se foi,
se volta, é feito morte.

Então por que me faz
o coração bater tão forte?"

Ferreira Gullar - Em alguma parte alguma. 
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o umbigo de jean

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mintológico

assim funciona o passado:
em cada margem
um mito de 
passagem

de acordo com o futuro
o passado muda
na medida em que ele precise 
de alguma modificação
culpa  da memória 
essa coisa transitória
o passado desobriga
e o futuro não tem compromisso 
com nada que foi feito
o dia de hoje é um método
ontem um meio
amanhã talvez
seja um muro
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todas as palavras 
não são mais 
que uma superfície de cacos de vidro 
na entrada de uma casa 
com a porta aberta
sejam bem-vindos
poetas com seus pés descalços
a poesia entra pelos pés 
dói
e sobe violentamente
à cabeça
e depois sai
a toda velocidade
entra nos viadutos
e se choca contra as paredes
a poesia é um acidente
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o mundo é o mesmo
o resto
idem
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eu te amo
sem ter certeza
do que eu derramo
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amor,
em vírgula
acaba em ponto.
final?
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mesmo que doa
amor se doa
mesmo à toa
amor voa
mesmo que não se queira
amor escapa
nenhuma poesia
de amor
empaca
amor se solta
e não volta
essa poesia, por exemplo
de amor
nunca mais volta
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todo mundo diz
que a vida está lá fora
será que se eu for até lá
ela ainda fica
e não vai embora?
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