"Menor o receio
da mão que segura a faca
se ela própria existe.
Nada conta o metal
a lâmina
ou o cálice
Não anuncia reflexo,
o espelho
Não tecem contos
não contam
os mortos,
ou predizem o medo.
Mas é certo que virá.
É certo que veio.
Ousa a jaula
o cárcere
cantar a liberdade?
E o animal?
O eu-animal
não arrisca em ti
um último fôlego?
Não te desespera
criatura do mundo
a lâmina e o cárcere?
então o que teme?
Se não o vazio,
o júbilo da vida?"
Lâmina e cárcere - Vini Miranda
.
Caixa Cultural |
existe
sempre
um limbo entre
o que o poeta escreve
e o que é apreendido
um ósculo
um beijo secreto
alguma inspiração
absorta
algo que escapa
uma língua solta
uma invenção
um som vago
um entreposto emocional fluído
uma falha do poema
incrustada
em intervalos
brancos
..........................................................................
o verbo
é o meu projeto
a palavra
imolada
com todas as
suas possibilidades
vivas
como um colecionador
excêntrico
exerço
meu tenso
crítico
um senso
inexplorado
disperso
transvisível
partindo
de
milhares
de exposições
e descobertas
entre
as coisas
vivas
e outras
infinitas
..........................................................................
dois tons
para Eduardo Baulhouth
Eduardo
teima
com olhos verde mar
mas a terra
escurece
o tom da sua luz
e os olhos de
Eduardo
se misturam
no mar
tanto verde
e na terra
tanta luz
talvez
seja a luxúria
que cause
essa mistura
talvez seja a busca
de um amor
entrelaçado
talvez seja mesmo
Eduardo
com o amor
atravessado
um cupido
aborrecido
ainda por descobrir
que traz aos olhos
de Eduardo
essas cores
esses homens
anoitecidos
e seus desejos
encarcerados
.
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