terça-feira, 24 de março de 2015

dos verbos...

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"Menor o receio
da mão que segura a faca
se ela própria existe.
Nada conta o metal
a lâmina
ou o cálice
Não anuncia reflexo,
o espelho

Não tecem contos
não contam 
os mortos, 
ou predizem o medo.
Mas é certo que virá.
É certo que veio.

Ousa a jaula
o cárcere 
cantar a liberdade?
E o animal?
O eu-animal
não arrisca em ti
um último fôlego?

Não te desespera
criatura do mundo
a lâmina e o cárcere?
então o que teme?

Se não o vazio,
o júbilo da vida?"

Lâmina e cárcere - Vini Miranda
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Caixa Cultural



























existe 
sempre
um limbo entre 
o que o poeta escreve
e o que é apreendido 
um ósculo
um beijo secreto 
alguma inspiração 
absorta
algo que escapa
uma língua solta
uma invenção
um som vago
um entreposto emocional fluído
uma falha do poema 
incrustada 
em intervalos 
brancos
..........................................................................

o  verbo
é o meu projeto
a palavra
imolada
com todas as
suas possibilidades
vivas
como um colecionador
excêntrico 
exerço 
meu tenso
crítico 
um senso
inexplorado 
disperso
transvisível 
partindo
de
milhares
de exposições 
e descobertas
entre
as coisas
vivas
e outras
infinitas
..........................................................................

dois tons
                       para Eduardo Baulhouth

Eduardo 
teima
com olhos verde mar
mas a terra
escurece
o tom da sua luz
e os olhos de
Eduardo
se misturam 
no mar
tanto verde
e na terra
tanta luz
talvez 
seja a luxúria 
que cause
essa mistura
talvez seja a busca
de um amor
entrelaçado 
talvez seja mesmo
Eduardo
com o amor
atravessado
um cupido
aborrecido
ainda por descobrir
que traz aos olhos
de Eduardo
essas cores
esses homens 
anoitecidos
e seus desejos
encarcerados
.

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