"A noção de poder... nasce inevitavelmente
de uma interpretação dualística de realidade.
Quando o dualismo não reconhece a presença
de um princípio integrador que o suporta,
sua inclinação natural para destruição se revela
de forma desenfreada e incontrolável.
(...)Ocidentais falam sobre conquistar a natureza,
nunca sobre cooperar com ela.
Eles sobem um montanha alta e declaram que a montanha foi conquistada.
Eles conseguem lançar um foguete através dos céus e dizem ter conquistado o ar.
Por que eles não dizem que agora são mais íntimos da Natureza?
(...)o que é cego não é o amor, mas o poder.
Porque o poder falha profundamente em reconhecer
que sua existência é dependente de outras coisas."
Dr D.T. Suzuki
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| rosto sobre coração |
disfarça
e deus faça
o amor acontecer
na vizinhança
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boa noite
e seja bem-vindo com-traço-no-meio
nunca entendi porque a palavra bem-vindo
tem que ter traço no meio?
segundo a gramática tem de ser assim
essas regras malucas que complicam as nossas vidas
deve ser por isso
porque gramática é mato
e tem "grama" no meio
toda grama cortada fica deitada
o traço é o meio deitado
da gramá-tica
eu mesmo
agora estou deitado
deitado também sou um traço de mim
outra palavra
entre aspas entre postos entre corpos
deitados
entre-nós
entreguemo-nos
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Drummond revisitado em São Paulo:
os inocentes do Paraíso
não viram o metrô chegar.
trouxe executivos?
trouxe bandidos?
trouxe um grama de tédio ?
os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas o túnel é escuro e pouco iluminado,
e há um vento suave
que passa pelas suas costas, e esquecem
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ela: eu estou apaixonada
e frustrada pela paixão!
serve?
ele: serve. paixão frustrada
servida quente?
paixão só serve quente!
ela: vou chegar ao balcão desse poema
e vão me servir "uma paixão fria,
com dois cubos de gelo,
por favor"
— com Michelle Della Torre.
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Eu, por exemplo, ontem almocei com uma senhora, sabe?
A Su. Ela prefere ser chamada assim.
Mora próximo daqui. Num casarão.
Antes morava atrás de um salão de cabeleireiro.
Me contou um pouco de sua vida.
Sobre como era morar onde mora e como era o antigo trabalho.
Saiu de lá porque o dono era um canastrão.
Um mentiroso, ela disse.
Atualmente trabalha num barzinho aqui perto de casa chamado Tapera.
Diz que não ganha muito, mas é suficiente para se manter,
pagar o aluguel e ajudar um pouco o filho que estuda educação física no interior.
É uma mulher de olhos sofridos e ainda assim de algum modo, ainda sorri para a vida.
Tomou umas caipirinhas e me disse sorridente:
- Prove! É boa!
Provei. E o almoço ficou mais doce.
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