.
"é preciso contar
da fuga imensa
pra dentro do corpo"
Alberto Bresciani
foto de Marian Grrlts |
este percurso oscilante
entre a palavra e o silêncio
causa uma ausência de mim
nessa noite
em que os objetos escapam
sigilosamente
entre todas as pessoas
e diante delas
houve a chuva de ontem a tarde
não foi uma chuva simples
nada!
veio demorada
açoitou meu rosto com uma força
igual a dos verões passados
que socorreu minha sede
e meu corpo
entorpecido
e imobilizou meus passos
sobre as pedras escorregadias
essa água na pele
com seus traços confusos
abraçou meus olhos com ânsias de frescor
entendi no mesmo instante
que a chuva
com sua melancolia líquida
eram as coisas minhas
e que estes olhos observadores
são
meu eterno inverno de dezembro
em casa
tranquei a chuva
do lado de fora
deixei sobre a mesa
meus óculos
molhados
inúteis ruínas
de vidro polido
...........................................................................................................
constelações
após perceber a distância
do meu desejo no firmamento
apenas me resta
reordenar as estrelas
e seguir vivendo
uma vida de mão dupla
...........................................................................................................
acalma
mas não mata
o fantasma
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário