domingo, 1 de fevereiro de 2015

dos veraneios...

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"é preciso contar
da fuga imensa
pra dentro do corpo"
           Alberto Bresciani 


                                                    foto de Marian Grrlts



veraneio devaneio

este percurso oscilante
entre a palavra e o silêncio
causa uma ausência de mim
nessa noite
em que os objetos escapam
sigilosamente
entre todas as pessoas
e diante delas
houve a chuva de ontem a tarde
não foi uma chuva simples
nada!
veio demorada
açoitou meu rosto com uma força
igual a dos verões passados
que socorreu minha sede
e meu corpo
entorpecido
e imobilizou meus passos
sobre as pedras escorregadias
essa água na pele
com seus traços confusos
abraçou meus olhos com ânsias de frescor
entendi no mesmo instante
que a chuva 
com sua melancolia líquida
eram as coisas minhas
e que estes olhos observadores 
são
meu eterno inverno de dezembro

em casa
tranquei a chuva
do lado de fora

deixei sobre a mesa
meus óculos
molhados

inúteis ruínas 
de vidro polido
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constelações

após perceber a distância
do meu desejo no firmamento
apenas me resta
reordenar as estrelas
e seguir vivendo 
uma vida de mão dupla
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fechar os olhos 
acalma
mas não mata
o fantasma
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