quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

dos abandonos...

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"algo em nós
nos
une e
nos invade

não sei
o que conta
nesse espelho
que nos
cabe

algo em nós
é uma ponte
ou uma
parte

algo em nós
é o outro
lado
que sabe"


LEAL, Weydson Barros. "O outro"

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uma carta de amor
onde o amor pouco pode
porque o mundo é mundo:

a trilha
sonora do
aban/
dono
soa sempre
nunca
na branca voz 
da solidão 
começa com a poesia
da gramática 
interior
uma estrada de ossos
feitos dos piores
dias de qualquer vida
uma casa no meio
do caminho
um divã 
embalsamado
com a própria 
pele
do afeto que não se recebeu
ou o demais das dores
e os prazeres 
nos espelhos
indestrutíveis
onde 
não se alcança 
o outro lado
do prazer
o reflexo 
é em si
intocável 
e essas coisas intensas
passam
e onde estão as flores?
canteiros a escanteio
escamoteados
tudo começando 
pelo 
corpo
os nomes e órgãos 
herdados
o corpo
verdade absoluta da vida
e do distanciamento dela
o corpo 
quase sempre
apêndice 
como se a existência 
se realizasse
do lado de fora
de forma que a vida
parece ser verdade
somente no outro
com o outro
no 
corpo
do
outro
e dúvidas se existe vida 
sem o outro
após o outro
aos pós do deserto
e do abandono
do outro
sem necessariamente
existirem desertos
correndo nas veias 
e nos nervos
que nos pertencem
corpos debatendo-se
em voos rasantes próximos 
cheios de incertezas
pedindo para que o sono
os leve de volta ao sonho
a outro corpo
a outros corpos
ainda que tenha que sonhar
com eles
com outros desejos
com outros voos
cegos
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as doenças tem nome
as dores não 
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diga o que você quiser
para ninguém ter a sua opinião
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