terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

das simetrias...

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"Lo que se pierde
Es lo que queda"
                     J. Cortázar
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a suspeitável leveza do ser

a suspeitável leveza azul do ser

o inconsciente é vermelho

novos tempos
de realidade
ou ansiedade
aumentada?

o tempo
a espera
a demora
são estopins
da ansiedade 
o escape
é orbitar
a loucura
....................................................................

odeio fotos
sofro de calores
extremos
não quero ficar preso
em qualquer moldura
congelada
o tempo
me habita
desisto
de molduras frias
carregadas
de tempos idos
a foto que passa
amanhã 
depois enigma
assombrando
a memória 
que salga a ferida
do tempo
eu poeta
eu gravo
o tempo na palavra
e guardo
em concha
o que me sonha
....................................................................

a razão 
tem a forma 
do silêncio 
na sombra
....................................................................

ideal
o corpo começa 
com os pés 
no chão 
a cabeça 
de vento
e o coração 
invertido 
por alguma 
paixão
....................................................................

aprende
a noite não é tua
mas dos olhos
fechados
e que teimosia é essa
que se apossa
de todo esse corpo
ânsia de menino
um medo
um naufrágio 
coisa na força 
de inventar onda
pra vida não revirar
e terminar 
de todo
o corpo
enviesado na cama
e o sexo torto
posto
que o sono
jaz
morto
o que me resta
é amar o fogo
que não dorme
....................................................................

"Dei-te
a solidão do dia inteiro"
                     S. M. Breyner Andresen

de meu sonho
louco sou
antes que
eu poeta
fosse
talvez daí 
viesse
algum poema
acordado
sem partida
sem retorno
só voo
breve
despertar
no fim do dia
ser
aquela sombra
a brisa que me sopra
de lua
em lua
crescente
minguante
cheia de gente
na noite
até mesmo onde passo
até mesmo
onde é noite
falso instante
nem espero
nem adia
nem a noite
nem adeus
amanheço 
movediço 
em poucas palavras chaves
me tocam as portas
na madrugada
onde mora o poeta
queria outros insones
a minha espera
mas o sol
que cega a manhã 
assusta
o despertar
do meu voo
então discorro
durante o dia
um verso
esta pouca
visível 
luz
enquanto poeta
pelas horas
duas
três 
ou mais 
eu risco a tarde
anoitecendo
com o tempo 
sem retorno
e no início 
de fevereiro
percebo
que só me sei
onde eu sou
poesia
sem isso
meu voo
suspenso:
desabito-me
....................................................................

não é engraçado 
o declínio de tudo
nem da chuva 
nem da água
à simetria dos ventos
deixo palavras 
à espera dessas
chuvas
rasas
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