terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

das latências...

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"o verdadeiro charme das pessoas reside
em quando elas perdem as estribeiras
quando não sabem muito bem em que ponto estão
são as pessoas que desmoronam
não são aquelas pessoas que 
nunca desmoronam
mas se não puder ser captada a pequena marca 
da loucura de alguém
não se pode gostar desse alguém
não se pode gostar dele ou dela
é exatamente esse lado que interessa
e todos nós somos meio dementes
se não captar o ponto de demência da pessoa
eu temo que quando percebo
(e fico feliz em constatar)
que exatamente o ponto de demência de alguém
seja a fonte do seu charme"
                              Gilles Deleuze - Adaptado
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visita ao armário
dos amores
fantasmas

muitos amantes 
querem apenas um passeio 
a bordo de uma escuna sem lastro:
nunca a viagem de fato

a poesia é uma malha
tira a roupa que te atrapalha
a camisa e essa cueca
que enrosca
na hora em que tiro sua roupa
o seu corpo 
esse fruto
que não dá em árvore
carece de mão e mente
para que possa merecer
algum carinho meu
demorado ou breve
será o trabalho
de separá-lo das trevas
e em berço de papel deitá-lo
escrevendo sobre seu corpo
com todos os meus gozos latentes
onde jazem todos os meu segredos
em silêncio
por isso ando espantado 
com o vazio desses últimos desejos
confrontado
com o grafite 
naquele muro distante

o grafite 
meu desejo 
o muro 
sua parede 
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certos amores não crescem:
hibernam

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do tempo em que as coisas podiam ser ditas
de maneira enviesada
e ninguém falava nada
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