terça-feira, 17 de dezembro de 2013

dos ensaios...

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"Há tempos estamos ensaiando a peça
mas a desgraça é que não somos sempre os
mesmos.
Muitos já morreram, outros trocam de sexo,
mudam barba rosto língua ou idade.
Há anos preparamos (há séculos) os papéis,
as tiradas principais ou apenas
"a mesa está posta" e nada mais.
Há milênios esperamos que alguém
nos aclame no palco com palmas
ou até com assobios, não importa,
desde que nos reconforte um nous sommes là.
Infelizmente não falamos francês e assim
ficamos sempre no cá e jamais no lá."
Cá e Lá - Eugenio Montale
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todo erro compreende uma figura
um meio novo e uma esfera nova
duplo erro, sedento
movem-se os fatos na parede
da recordação exata e as boas-vindas
risco novamente aquelas coisas
do estado com que amanheciam
as nuvens novas e a doce roda da tortura
onde se alojaram os segredos
as noites lentas e as coleções
de ídolos soltos?
a roda da poderosa nuvem nessa tortura
golpeia o parafuso nas costas densas
o parafuso que rompe o mar em dois:
os poderosos deuses esquecidos
e o resultado que toca e persegue
um ciclone de nuvem sob o sonho
e ali investe contra novos reinos
de cansada melodia
e a nova cidade do corpo em fúria
destrói na noite 
as intenções de porcelana
a sombra é um coração nas mãos
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