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"página vazia, melodia
onde é que a palavra vai cair?
onde vai cair?
acho que ela vai aterrisar em território perigoso
de onde a ideia vai sair?
por onde vai andar?
onde o pensamento vai chegar?
acho que ele pode atravessar um território perigoso
só porque eu falei não quer dizer que eu sei
só porque eu falei não quer dizer que eu não posso estar errado
só porque eu falei não quer dizer que é lei
só porque eu falei não quer dizer que se eu falei está falado
eu já mudei de ideia
e você com isso?
eu sou volúvel
não tenho compromisso"
Sou Volúvel - Arnaldo Antunes
sulco
exercito um grafite interno
com alguma alegria
nas frestas abertas
em paredes opostas do corpo
cala o traço do desejo no grafite:
tinta sobre parede branca
todos os silêncios costurados nas linearidades dos muros
enquanto o tempo cala nos sulcos
o tempo resvala na calada da noite onde
um escuro esconde certos lugares secretos
o grafite pontua esses instantes onde o muro agoniza
entre frestas e sulcos pintados
fálicamente atravessados
pelo desejo da alma em branco
ardem e acordam
as letras e suas figuras perfuram cimento reboco tijolo concreto
costurando com tinta todas as bordas do tempo
não fica mais nada além da vontade gravada nesse ponto letra falo desejo
pintado
o grafite vaza no vértice dos muros
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dinamite
poema de pavio
curto
poema de rabo
comprido
um explode
no espaço
outro expira
o vencimento
poema curto
tarja preta
comprimido
poema longo
homeopático
drageado
um te engole inteiro
o outro
quase
engasgado
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quinquagésimo quinto mínimo
Há 13 anos
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