"As palavras entram pelo ouvido, aparecem ante os olhos,
desaparecem na contemplação.
Toda leitura de um poema tende a provocar o silêncio.
Cada leitor é outro poeta; cada poema, outro poema.
Em perpétua mudança, a poesia não avança.
O falso poeta fala de si mesmo, quase sempre em nome dos outros.
O verdadeiro poeta fala com os outros ao falar consigo mesmo.
A página em branco ou coberta apenas com sinais de pontuação
é como uma gaiola sem pássaro.
A verdadeira obra aberta é aquela que fecha a porta: ao abri-la,
o leitor deixa escapar o pássaro, o poema.
Abrir o poema em busca disto e encontrar aquilo - sempre outa coisa.
Aberto ou fechado, o poema exige a abolição do poeta que o escreve
e o nascimento do poeta que o lê.
Ouvir-se: ir-se. Para onde?
A poesia nasce pelo desespero pela impotência da palavra
e culmina no reconhecimento da onipotência do silêncio.
O poema é a passagem entre um silêncio e outro
- entre o querer dizer e o calar que funde querer e dizer.
Apaixonado pelo silêncio, o poeta não tem outro recurso senão falar."
O Arco e a Lira - Octavio Paz
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minha poesia vai muito além da criação e da surpresa
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lato sensu
estou me policiando ante a rudeza
dos acontecimentos
para não ser rude igual
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lato sensu
estou me policiando ante a rudeza
dos acontecimentos
para não ser rude igual
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prefiro o brechó ao blasé
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tem segundas com terças intenções...
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sem sorte
em direção ao norte
próximo atalho
quando a bússola
vira um porre
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três escolhas e um alvo dos textos de Fernando Schubach:
poesia
pesadelo
na mesma sacola
o passado é uma obra
o passado é uma dobra
obradobra
cobra
mar é som escuro
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