sábado, 28 de dezembro de 2013

das belezas...

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"a beleza não é tudo e a verdade sucumbe a ilusão"
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pesadelo
Fernando Schubach - Julio Carvalho - PatLau 
Prod DU BROWN
BEAT: EVERTON BEAT MAKER

pesadelo em vez de insônia
vigília da infância 
no escuro da fronha
que sonha
que sonha e baba
sorri e desaba
abafa a mentira 
que a verdade conta
aponta o dedo na ferida
que sangram as notas
que se esgotam 
aceite o convite
faço um brinde
de vinho tinto
vasto, opaco
com doses de orvalho
das noites obscuras
de poesias que surtam
da minha loucura
a mente é nua

por isso revólver:
se houverem perdas
que sejam sem surpresas
tem dias em que amanhecer me dói
quem inventou esse dia 
e me deixou perdido dentro dele?
abrindo pausas para o silêncio passar
(ter vida e errar não é defeito)
e pra amenizar o peso
escrevo
pra suportar o peso do que escrevo
dou um trago profundo 
e jogo pro mundo
palavras que escrevi
no escuro

no escuro do meu quarto alagado de rima
e foi nele que encontrei a minha sina
nossos crimes regados com água benta
não ouso assassinar
no frio
em tempos de carne
seca
não há dor
que se parta ao meio
a faca encravada no peito 
é maior
quando o abandono
é o crime
de fato

sai do buraco
o inesperado
o desespero do outro
não está errado
não há encontro no medo
e os perdidos fazem disso brinquedo
de alto gume cortante
um assalto ambulante
um precipício
onde tudo recomeça
desde o início

a carta infinita 
a letra que não se acaba 
a indigestão
a sugestão 
o incômodo
a remissão

a culpa

o cigarro
o cinzeiro
a fumaça
e o tempo que não passa

nunca

a lata de lixo 
o jogo
o mosquito
o cisco
o ouvido
o ruído 
o cansaço

a moleza 
o vício da tristeza 
a dor de um só lado 
o medicamento 
o líquido 
o excremento 
a saliva no travesseiro
a dor o tempo inteiro

a indisposição 
o esforço 
a falta de espaço
o vômito no pescoço 
a falta de encosto
a voz rouca dos gritos da vizinha louca
a janela 
o prédio
a noite 
o dia 
a noite 
o dia 
a noite 
o dia 
anote o dia

tudo é sempre
tudo é sempre o mesmo 
a correria
a diferença
a indiferença
a crença 
a descrença
do querer

poder querer não é poder 
o poder dos outros 
o poder dos gostos
o poder sem gosto
o gosto do desgosto
o oposto do amor 
o asilo
o isolamento 
o lento arrastar das horas onde nada se gosta
tudo demora agora e ainda mesmo agora as infinitas cartas sem resposta...
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