quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

das constelações...

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"do orvalho
nunca esqueça
o branco gosto solitário"
Bashô
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aqui onde deito e me faço sombra
e olho a luz rastejante que de novo me recolhe ao leito
diariamente
onde não constato dores complementares
dói mais sem luz
dói mais às noites
no escuro devoro estrelas
e os sentidos das coisas
viram constelações
na minha via láctea de ideias
de dia cuspo luz
por isso os dias turvos
tudo tem efeito de um retorno
e esse só comigo me ocupar
aumenta a luz do dia
e enche as órbitas
vejo antes das nuvens
o silêncio
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vou me afastar e escrever as palavras do endereço das palavras
assumir uma identidade ainda que nua sem barreiras
abrir as portas múltiplas por onde passam os argumentos
virar palavra em torno de um corpo vivo
não à nudez
mas em meu nome
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... e a graça difícil da luz 
me penetra pela beirada do teto 
entre duas janelas
sou eu agora que retorno:
espelho
fictício
me guardo
invisível
na espessura
e nas superfícies 
do vidro
enquanto isso 
o sol se opõe atrás da porta
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sou há tempos míope 
o amor sempre me escapa aos olhos
só sei amar de perto 
onde enxergo mais
de longe eu vejo desaparecer o mundo
fico vesgo fora do foco
fotografia estragada do amor distante
preciso da aproximação dos olhos para amar
uma investigação dos próximos
sou onde as palavras não tem força de atravessar
sou a lua. na noite. cercado de preto. contra a parede
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o olhar humano tem o poder de dar valor às coisas comuns - isso as torna mais caras
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...e eu tento amar todos os meus pecados
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