sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

dos duelos...

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"O registro rítmico da palavra me horripila."
Jacques Roubaud
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                                             Julio Carvalho e Givago Oliveira

duelos são elementos constituintes das sociedades humanas há muito tempo 
pensamentos, sentimentos e ações divergentes devem sempre entrar em combate e um lado deve necessariamente eliminar o outro 
duelos são arcaicos e modernos
verbais ou não. lícitos ou ilícitos. justos ou injustos. fatais ou não. as armas são outras. algumas mais vis. outras mais discretas. mas o tiro é sempre o mesmo. uma eliminação.
é a potência mais do que o acerto
o sempre abissal instante seguinte
o quase não poema
o poeta e seus duelos com as palavras
penetrando a palavra e tantas vezes explodindo violentamente o curso dos dramas humanos
a poesia do vento, das águas, das coisas distantes, dos opostos e dos opositores
os dueladores
e a suspensão poética do duelo no final
no final existe sempre uma palavra intensa
uma coisa encontrada por dentro
uma paz
não a que nos mantém passivos, calados e esquecidos
não essa das propagandas e que custa dinheiro ou insegurança e provoca medo 
falo da paz que não reconhece "meus" e "teus" 
que seria incapaz de sonhar com uma poesia e/ou felicidade que não fosse também a sua 
a que vem da realidade inegável que estamos juntos por aqui e juntos não conhecemos paz maior que estar bem acompanhado ao atravessar as tempestades de nossa condição errante deste mistério 
tempo é chegado de novas maneiras de investir e existir e que seja de profunda paz
e um belo e infinito céu gritando entre nós
e que voltemos para casa sempre vivos
e poeticamente em paz
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