domingo, 3 de maio de 2015

das rendas...

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"houve um tempo de escola
e cócegas
onde nem tudo era bom
mas tudo era ou bom
ou mau
sem meios-termos

feliz eu não era

desde pequeno
eu nunca soube ser criança"

COLONNA, Victor. "Infância".
In:_____. Cabeça, tronco e versos.
Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2009.
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renda bruta


engraçado como a memória
prega peças de tabuleiro
é um jogo só de ida
sem volta
nessa renda que me prende
ao passado
de uma pessoa
que me apresentou
o mundo
que bem podia
me entender agora
nesse momento
de causa plena
mas nunca soube
aprender
com minhas horas
com as verdades
que eu sabia dizer
não soube ler
o meu vermelho fogo
e cruzou na renda do meu nome
a única coisa que sabia
fazer
e aprendi toscamente
o inverso do amor
mas não existem culpados
por tamanha
indelicadeza
quem nunca foi amado
nunca vai saber
retribuir
por isso algum perdão é necessário
mesmo dentro das costuras
e das palavras escritas a mão
coisas nunca ditas diretamente
foram impressas
na renda bruta
em meu nome
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"a vida é ao vivo
estudemos improviso"
— Rafael Felice Dias
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tenho ficado bastante sozinho
e me obrigado
para aprender com a solidão:
esse ofício
complicado
de
eu mesmo
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a hora indiferente
é agora
essa hora que ninguém
me entende
quando acabo de acordar
os olhos se acostumam
nos pequenos segundos
o dia cresce
eu procuro
entender
o que a luz do dia
diz
sem pressa
a hora
insistente
passa
indiferente
dos olhos
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já contei pra meio mundo que te conheci
mas não adianta
contar não mata saudade
acho que nada mata saudade
nada mesmo

- com Fernando Schubach e Gizah Santos
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