sábado, 22 de agosto de 2015

dos movimentos...

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"a espera machuca minha alma."
Chowder
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"Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol"
Arthur Rimbaud

aqui cabe um poema de amor?
aqui cabe a pele de ontem
os cheiros e as falas
os beijos e as bocas
explícitas em lugares excusos
dos poemas de amor?
aqui cabe mais um outro dia 
para saciar vontades 
e sedes de gozo e a pleno 
vapor entenderem-se os hálitos
os hábitos de rima e descaso dos poemas de amor?
ou foi só mesmo um dia
e o resto se vira na melancolia
da falta de assunto
dos poemas de amor?
até onde se sabe tudo vira uma espera 
espera que desgasta até uma alma severa
que não se contenta 
com uma história comum
e em tudo pensa e transgride
a vida que pede 
que tudo que mude
que os lugares
e as sedes e os rios e os mares
mudem de lugares
sempre aos olhos 
aos milhares 
esperando outro
poema abstrato
feito entre corpos 
precisados de amor?
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tento 
ver
rever
pra ver
se cabe
em
mim
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faço terapia para aprender a lidar com as pessoas que deveriam estar fazendo terapia
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sílaba falsa
não falada
fadada
a estar num poema
e não valer
nada
palavra falsa
não guardada
fadada 
a estar no instante
e não valer
nada
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sou carvalho
de madeira forte 
e carpintaria 
impossível
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o vazio
é o que
não 
faz
falta?
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coisas
complexifíceis...
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fetiche
fantasia 
sonho
poesia
superando 
abandono
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o acaso vive programado
para acontecer
depois do meio dia
o acaso carrega teoremas
ausentes nos encontros dos
amantes
e nos taxímetros
roda quando quer
e cobra o tempo
passado
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o que me salta aos olhos
me sai 
da
alma





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eu vivo
em estado
des
graça 
sem 
graça nenhuma 
eu não vivo
sem esse estado
de estar sitiado
pela poesia
esse verme
danado
que da alma
quase inteira toma conta
não avisa
só apronta
e me deixa 
atrapalhado
e tem esse asfalto 
por dentro
esse piche agarrado
a cor é negra
olhando bem
mas de perto
é iluminado
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continuo todos os dias o meu protesto maior: 
existir com um certo silêncio 
essa é a minha resposta
existe uma sabedoria no prazer e na angústia 
que pode nos revelar os caminhos 
para sair de algum momento dilemático
mas isso é algo sutil
toda raiva, em sua irracionalidade
revela este estado de coisas onde nada é transparente 
e o que realmente importa continua 
em um confortável segundo plano - em silêncio.
...





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