domingo, 9 de agosto de 2015

dos acústicos...

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"Não confie em mim.
Teste-me."
Aaron Beck
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atalhos 
do
amor
não 
tem
saída
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meu desejo pulsa
numa abertura 
rasgada
uma paisagem
que me persegue
por dentro
insistentemente
uma arma branca
que não corta
mas fere
a memória
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minha energia
vem 
da ferida
da elegância 
da raiva 
sob controle
debaixo das asas
onde a violência 
não levanta
voo
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o ar
é um poema
possível 
respirar
inspirar
ter tido estar com
um pulmão cheio de palavras
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as pessoas comuns
são mais dadas à poesia
do que os poetas
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a escuridão 
da palavra
acesa
no poema
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se eu assimétrico 
roo as unhas
com que velocidade
corroo
o tempo?
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posso ter 
um crânio 
um osso
um esqueleto
e tudo serão 
sempre
ossos
do mesmo ofício
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do canteiro 
à pedra
à beira do rio
meu sangue mudará 
muito pouco a paisagem
por enquanto
ficarei vivo
de sobrenome

acústico sobre pedra

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não cortem
o cordão do sonho 
que nunca nasceu
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que horas são esses insanos
falantes detentores da palavra?
que horas são esses
que não sabem que silêncios 
são quebrados 
pela ignorância 
que horas são esses senhores 
que não se calam
e falam falam falam
mesmo depois de advertidos?
que horas são 
que o incomodo 
acaba?
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este enorme poema tem uma linha
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realista
e como todo realista 
um homem
ridiculamente
sensível
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cheguei aqui carregado de céu 
pra desabar 
poesia
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pessoas se encontrando
na biblioteca
silêncio quebrado
por lembranças
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ouvi agora:
- dê um abraço zeloso nos dois
palavra antiga
mexeu
comigo
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sempre me assusto 
quando penso no tempo
eu vivo
de
agoras
eu tenho uma emergência 
por dentro
essa doença 
chamada tempo
não sabe ainda
mas sou eterno
decidi isso
por conta
das palavras
que me rodeiam
medo
olhar
causa
sentido
e indiferença 
não é o tempo
e sim
o agora
que me
define
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felicidade
rara poeira fina
em feixe
de luz
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acredito
na promessa 
de um verso
que ainda respira
que ainda gira 
meu corpo
toma em êxtase 
como líquido 
um verso
feito
água
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no meu peito cabem
espaços 
con_siderais
as
coisas 
sensíveis
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a felicidade
são quase letras
essa tinta 
na alma
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