"Não confie em mim.
Teste-me."
Aaron Beck
.
atalhos
do
amor
não
tem
saída
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meu desejo pulsa
numa abertura
rasgada
uma paisagem
que me persegue
por dentro
insistentemente
uma arma branca
que não corta
mas fere
a memória
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minha energia
vem
da ferida
da elegância
da raiva
sob controle
debaixo das asas
onde a violência
não levanta
voo
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o ar
é um poema
possível
respirar
inspirar
ter tido estar com
um pulmão cheio de palavras
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as pessoas comuns
são mais dadas à poesia
do que os poetas
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a escuridão
da palavra
acesa
no poema
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se eu assimétrico
roo as unhas
com que velocidade
corroo
o tempo?
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posso ter
um crânio
um osso
um esqueleto
e tudo serão
sempre
ossos
do mesmo ofício
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do canteiro
à pedra
à beira do rio
meu sangue mudará
muito pouco a paisagem
por enquanto
ficarei vivo
de sobrenome
acústico sobre pedra |
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não cortem
o cordão do sonho
que nunca nasceu
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que horas são esses insanos
falantes detentores da palavra?
que horas são esses
que não sabem que silêncios
são quebrados
pela ignorância
que horas são esses senhores
que não se calam
e falam falam falam
mesmo depois de advertidos?
que horas são
que o incomodo
acaba?
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este enorme poema tem uma linha
só
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realista
e como todo realista
um homem
ridiculamente
sensível
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cheguei aqui carregado de céu
pra desabar
poesia
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pessoas se encontrando
na biblioteca
silêncio quebrado
por lembranças
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ouvi agora:
- dê um abraço zeloso nos dois
palavra antiga
mexeu
comigo
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sempre me assusto
quando penso no tempo
eu vivo
de
agoras
eu tenho uma emergência
por dentro
essa doença
chamada tempo
não sabe ainda
mas sou eterno
decidi isso
por conta
das palavras
que me rodeiam
medo
olhar
causa
sentido
e indiferença
não é o tempo
e sim
o agora
que me
define
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felicidade
rara poeira fina
em feixe
de luz
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acredito
na promessa
de um verso
que ainda respira
que ainda gira
meu corpo
toma em êxtase
como líquido
um verso
feito
água
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no meu peito cabem
espaços
con_siderais
as
coisas
sensíveis
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a felicidade
são quase letras
essa tinta
na alma
.
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