"a orelha nega
a velha regra"
Ovelha Negra - Caio Otta
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camaleão |
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o
velha
regra
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há o acaso
há o sim e o não
e o talvez
é jogo
não aposto
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guarde domingos
e poemas secos
descanso e água
um dia
brotam
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entre as obras
desritmadas do bairro e
gavetas de
memórias em trânsito
a visão confusa
não desfaz
o passo.
constrói
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farol
é uma forma
orientada
de
luz
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um braço
marcado
por estrelas
constrói
a parede
do meu
quarto
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as paredes
tem
ouvidos
aqui
tem
olhos
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"o coração humano
tem uma odiosa
tendência a só
chamar de destino
aquilo que o esmaga"
Albert Camus - O Mito de Sísifo
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achei
o que não
quero
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eu não me acho
eu só me perco
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minha
vida
é
dobrável
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faço
poesia
até
com o que
gasto
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cinquenta reais
na 8ª Feira Tijuana de Arte Impressa
aqui na feira
comprei
um pouco
de ódio
um pouco de terra
um castelo de areia
que desmoronou
e alguma coisa
pra criar
coragem
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a noite
enquanto
os normais
dormem
sinto
coisas
que
ninguém
sente
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o amor
é um
depósito
de
luxos
desconstru / chão |
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a frágil
vida
das paixões
absolutas
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odeio
gente
que
usa
asa
só
quando
voa
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eu mal vejo
o percevejo
e percebo
que vejo
o percevejo
muito
mal
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meu maior
incômodo
é não ser
nômade
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o meu
silêncio
ecoa
fora
de
mim
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poesia é paisagem
poesia é uma tela
poesia é passagem
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hoje
o sol
meu
amanhe
seu
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poesia
fantoches
da palavra
com
wi-fi
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vegetação
desespero
entre
mil-folhas
e uma
paisagem
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o
poeta
faz
a coisa
toda
ser
apenas
um
poema
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todas as coisas estão nos livros que você não leu
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end
camaleão |
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