quinta-feira, 6 de agosto de 2015

das alucinações...

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"Não sei se há remédio para esses dias 
em que tudo escapa. 
Dias assim, o peito é como um buraco negro 
que tudo atrai, com força descomunal. 
Um peito que dói, quente e pulsante. 
A garganta obstruída de expectativa frustrada. 
Não sei se há remendo, conserto, ajuste – se há o que dê jeito. 
Se. 
Não são dias de choro ou desespero, antes fossem. 
São de tensionamento e ansiedade. 
Expectativa fendida – 
eu a vejo em sua conformação de fiapos de ossos de fratura exposta.”
Bruno Zeni
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todo mundo 
tinha uma ideia
da palavra antes 
até antes
virar
poesia
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poesia
bastam poucas letras
é como papel
em branco
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todo apaixonado 
corre o risco
do êxtase 
do naufrágio
.....................................................

trouxe pouco
mas trouxe tudo
o bom que foi
sem desesperar
nada
.....................................................

tocando o chão 
com uma bengala 
essa poesia
em riste
lembro como me orientava 
mesmo sem perfeição 
eu perseguia
o chão
.....................................................


quem nunca teve dor 
que me diga o anestésico 
só acredito 
sendo
.....................................................

o Verbo poeta
tem dois corações 
quando um escreve
o outro ouve 
em silêncio 
a resposta
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escapulário

quando o amor
induz ao adeus
eu rezo a deus
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o poeta
morava 
numa praça 
sem graça 
e sentava
em bancos
de inspiração
o dia passava
a limpo
a poesia
jogada
aos pombos
era assim que ele vivia
pão 
milho
e poesia
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quem é essa outra pessoa 
que toma conta de mim 
quando escrevo?
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atrapalhado 
o poeta foi escrever sexo
e caiu de boca
na rima
dura
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o café 
a ansiedade
e o fim de tarde 
causam
poesia
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o corpo
pede 
poesia
sem correção 
a última de hoje 
na biblioteca
sou eu
em casa 
encontro
um cansaço 
artificial
não durmo
espero pacientemente
esvaziar
cada palavra 
pela descarga
um vaso
solitário 
na tela
do computador
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o que acontece
quando eu como 
só a comida
sabe
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queria beijar
mas faltam línguas 
pra falar
as
palavras
certas
o beijo vem
de onde a língua 
começa
.....................................................

cuidado ao escrever
o verbo amar
quando muito doce 
é amar
morto
requer sutilezas
e temperos 
delicados
dedicação 
a cada letra
é um verbo
exigente 
se mal usado
vira sal
pimenta
ou sai do ponto
por isso muito cuidado
o verbo amar
é um poema 
pronto
.....................................................

tem dias
que não consigo
esvaziar 
inspiração
.....................................................

poesia
é possessão 
divinabólica
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tanta raiz
dentro de mim 
que nego
porque de profundidades 
raras
sou feito
na claridade 
só 
apareço 
feito
chão
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não nego o amor
mas tem amor que não cola
pensam que amor
é adesivo 
quando na verdade 
é ponte
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vezes que 
surge
tanta dor 
que é preciso
que alguém ensine
a rever 
gratidão
.

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