sábado, 18 de outubro de 2014

dos azuis...

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"o que você não termina 
te acompanha até o fim."
Antonia Pellegrino
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insone

meus dedos
cansados
de apontar
estrelas
e essa lua
é sempre
uma.
essa luz
nos olhos
que desperto
sem ver ninguém
sem ninguém ver
com esse olho
esse gosto
que não cabe
de eterno
dentro
.......................................................................

enquanto
o poema
adivinha
a palavra
dispara
feito
pedra
e estoura
vocifera
marca a tua carne
com a palavra
e uma espuma
quase branca
e aconteça ir
fundo
fundo
de
mais
.......................................................................

o amor
tem limites
depois
é troco
se acabou
o tempo
é um perigo
querer
de
novo
.......................................................................

queria
amanhecer
sem medo
e ver refletido
no espelho
meus
desejos
.......................................................................

fazendo coisas
pela sua própria
seiva e risco
tudo é um desvio
do equilíbrio
pensava nisso
enquanto andava
nunca tropeçou
porque já tinha tido
outras tantas quedas
que mais uma
(agora de verdade)
não aguentaria
das quedas antigas
sabia
dos terrenos acidentados
medo
por isso não tem saído
muito
evitando quedas
olhou no espelho
os cabelos cinzentos
dos lados
cinzentos
cono o dia
desequilibrados
feito vertigem
na transparência de
todos os dias
atravessa o cinza
e vai se arriscar
entre
selva e seiva
e quedas possíveis
.......................................................................

desde sempre
minha alma
habita meu corpo
mas nunca conseguiu
se acostumar com ele
.......................................................................

promessa

alguém se apaixona
outro se petrifica
eu me ajoelho
.......................................................................

céu

o horizonte se deita numa
linha
anzol
isca
só um
lugar suspeito
do avesso
acorda
dentro
da água
não era um barco
era uma das inúmeras
gavetas onde guardava
anseios
(sua memória guarda o desassossego)
fisgado
afogou-se
tão zelosamente
que libertou de dentro de si
sua garrafa de vida
ele borbulha
e as outras pessoas
observam
esmorecem à sombra
e sepultam vivas
suas esperanças
.......................................................................

azul

ah! se me faço oceano
vem muita fragilidade
atraca-me no corpo
meu porto visível
de mágoa -
um marinheiro louco

observa
que de longe
tudo é barco
que se equilibra
na linha do longe
do horizonte
ao longe
tudo é barco
mas não pressinto
partida
nem adivinho
chegada

o farol vigia da praia
sem amar a margem
afunda a sensação
que me inunda até os olhos

minha lágrima
água provisória
dorme no canto dos olhos
represada entre sono e sonho
quase
deságua
.

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