sexta-feira, 10 de outubro de 2014

das estações...

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"apostando trazer o meu aceno
para o meu termo
enquanto reparação
sou da mesma forma intenso
nada de muito andamento no desapego
calmaria
caio como uma aflição
afinal sou parte
dos trilhos desta estação sem fusão de ferro ou folhas
fico ali
ouvindo
os que reclamam dos trens

(vinde a mim todos os trilhos)"

Julio Carvalho
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trilha sonora*

sobre os trilhos
onde andava a poeira
e havia desaprendido a criar
objetos
até
que inventou um espanador de solidão
e junto com ele alguns
desejos
tombados sobre a pele
sobre a nudez e os braços
morenos
com alguns pelos que eriçavam
ao toque do sexo
mas não era isso que se transformava em beleza
era o nada e o mais simples
o que significava
o mais bonito
era o erro que fazia rir
o corpo que fazia dormir
a tosse, o calor, o gozo
o corpo inexplicável
mesmo até
ninguém entender nada
foi um duplo assalto
prisão perpétua
entre dois sexos
iguais
coisa de mais difícil manejo
acordei enamorado pela palavra
do seu nome
aqui onde circulam abelhas
selvagens
mas onde ainda o mel se faz
aí onde circulam icebergs
e ilhas perdidas
mas ainda existem oásis
porque o paraíso é feito do doce da terra
e as abelhas amansam
e os oásis frutificam
e as peles
assim como os corpos
se acalmam
se completam
e se iluminam pelos
avessos
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*Para Reginaldo Souza

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