"Também são cruas e duras as palavras e as caras
Antes de nos sentarmos à mesa, tu e eu, Vida
Diante do coruscante ouro da bebida. Aos poucos
Vão se fazendo remansos, lentilhas d’água, diamantes
Sobre os insultos do passado e do agora. Aos poucos
Somos duas senhoras, encharcadas de riso, rosadas
De um amora, um que entrevi no teu hálito, amigo
Quando me permitiste o paraíso. O sinistro das horas
Vai se fazendo tempo de conquista. Langor e sofrimento
Vão se fazendo olvido. Depois deitadas, a morte
É um rei que nos visita e nos cobre de mirra.
Sussurras: ah, a vida é líquida"
Hilda Hilst
canção natural do mundo
os dias passam ausentes.
não nos muros
o futuro, em disfarces
coube antipático sobre
a linha do horizonte às cinco ta tarde
os dias passam rápido
não no trem, não o ônibus, ou a espera
os dias, como os cigarros,
como a esperança,
como os cadernos de rascumho
acabam.
Fabiano Calixto
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da rotina
varrer o dia
que ainda resta pela sala
o dia que persiste
quase invisível
pelo chão
nos objetos
sobre os móveis da sala
varrer amanhã
o póde hoje
varrer
varrer hoje
(e domingo quebrar nos dentes
o copo
e sua água de vidro
segunda, não esquecer:
varrer todos os vestígios)
Marcelo Montenegro
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