quinta-feira, 26 de maio de 2016

dos revistos...

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"…vez ou outra, me vejo querendo retocar demais.
esses dias, venho buscando o imperfeito,
mas é muito difícil."

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Olhos - Foto de Rick Barneschi







































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do jeito jeans
eu tiro as calças
pra desbotar minha cara
de vergonha
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é porque as pequenas coisas
pesam muito mais
e sob o tapete
um rolo-compressor.
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desvio
ainda na minha vida
não há amor que valha
navalha
ainda a pena
seca
não consegue
escrever
tudo
como deve ser 
lido
como deve ter
sido
como deve ser
sólido
incômodo deve ser
o insensível
sem ter 
tido
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a pele
é um órgão público
(todo mundo vê)
um vermelho
quente
com as bordas
marcadas
e sinais
formando continentes
desenhos próprios
com desejos súbitos
a pele
é um todo incômodo
outro país
uma febre
até um outro
encontro
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(longos pensamentos para noites muito curtas)
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eu vivo com uma sensação
uma espécie de ódio
mas é um ódio
que não mata
nem cura
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A FALTA QUE UMA FLOR ME FAZ

não quero mais pingüins na imaginação
nem eternos verões a pino
não quero passar vergonha em fila de banco
nem ficar branco de susto dentro do cinema
e engasgar com a pipoca
que anda um absurdo de tão cara
(já viu o preço do refrigerante de zero caloria?)
não quero mais ouvir falar em crise
e procurar saber porque há tanta falta de flores
nas floriculturas aqui perto de casa
(há falta de flores em todo lugar nessas urbanidades)
não quero mais ter que pensar em dinheiro
fazendo os cálculos já para o mês seguinte
não quero ter muito requinte, 
mas também não quero ficar sem algumas preciosidades: 
o tato e a boca querem conforto vezenquando.
não quero ficar sem meus livros
não quero perder algo sem aviso
não quero ficar sozinho
não quero brigar com meu vizinho
quero uma vida em paz
e um dia ainda se eu puder
quero é poder viver bem tranqüilo com os pingüins,
os verões, os bancos de praça ou não,
os cinemas, a pipoca, o refrigerante de caloria zero,
as minhas crises e outras, as flores e as floriculturas,
o dinheiro e os cálculos, os poucos requintes e as preciosidades,
os livros, os avisos, os vizinhos, a solidão,
o tato e a boca fechada porque já falei e escrevi muito.
tenham uma boa noite e passar bem.
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entendem-se voltas e recomeços
como todas as outras coisas
que andam juntas e agarradas 
entendo melhor
a vida em círculos
do que viver pelos quadrados
chorando
pelos
cantos
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eu sou
alguém
que tem
que segurar
as sensibilidades
com muito cuidado
pelo lado de dentro
e as paredes que me contém
são de letras fáceis e de coisas leves
nem as aves voam tão alto assim não
seguro tudo
pra não cair de maduro
sou o tudo muito
muito eu nós muita voz muito eles
eles todos que ouvem pelos buracos
pelos cacos e outros retratos de ponta
não sou o que desaponta e o que tem os sentidos
roubados de livros e arestas de ruas
e das coisas atrás das paredes
e das redes sociais online
conectadas muito fora da linha
como o desalinho das nossas naus sem rumo
nav(el)egantemente em mares sem sentido
com suas marés instáveis
de fluxo sanguíneo tão vermelho
quanto coagulado de sensações tão juntas
que o espanto é pouco pra uma definição completa
da linha direta que une
em mim a poesia
música 
inspiração
e conexão
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eu não tenho paciência para certos cálculos sentimentais
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eu me perco todo se não escrevo
eu viro lâminas
eu corto
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difícil sina de poeta amar sem amar
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ninguém é de acém
além de carne
é humano
depois que morre
nem sente
que só o verme
é que percebe
quem já foi gente
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e ninguém nunca viu
o diabo que te carregue
que é só mais um insulto
e que se fosse de verdade
era tanto diabo andando
que nem ia mais caber
tanto inferno junto
dentro da mesma cidade
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depois do corte
só o que move
sangra
a dor 
é um conselho
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todo som
mesmo que não,
entra
o ouvido não tem pálpebras
– não tem como evitar o ruído
tudo fala demais
o silêncio anda muito caro
o silêncio custa 
uma magoa
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.doc I

cansado do sério
do estéril
do seco
engolir a seco
o sono
os relatos
dos outros
e andar
olhando para frente
inventando vontade
inventando uma força
qualquer
inventando coisa
sem fantasia
o seco nos olhos não tem lágrima que seja
suficiente
e nem nada que venha de dentro
inunda e completa
somente
silêncio
e nos acasos colados nos postes – cartazes
grudados no meio da rua
o tempo é roubado
impiedosamente
a cor é cinza

.doc II 

alguém sabe como deslizar
ou desinfetar a paixão?

.doc III

surreal:
a parede da cozinha desabou
sozinha
– a solidão vem minando
até as paredes
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deus não cobra
e não dá asa a cobra
ou
cósmico
você quer quase quasar
quase casar comigo?
e então
porquê esse torto no canto da página?
perceba:
as palavras são brincadeira
vem 
da arquitetura dessa arte escrita que te atura
como
uma pedra ao lado da imagem

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