"necessito de um ser, um ser humano
que me envolva de ser
contra o não ser universal, arcano
impossível de ler
à luz da lua que ressarce o dano
cruel de adormecer
a sós, à noite, ao pé do desumano
desejo de morrer.
necessito de um ser, de seu abraço
escuro e palpitante
necessito de um ser dormente e lasso
contra meu ser arfante:
necessito de um ser sendo ao meu lado
um ser profundo e aberto, um ser amado."
Mário Faustino
.
teia |
eu escrevo coisas como quem apodrece
antes que a palavra derreta
antes que as ideias virem fumaça
eu escrevo durante os incêndios
eu escrevo durante os desterros
os desertos
as faltas das ilusões
eu escrevo diante das coincidências
eu escrevo antes depois durante
os poemas que virão
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pessoas
que olham
com os mesmos olhos
de duas formas
diferentes
ao mesmo tempo
que parecem
assassinar
entendem
com outros olhos
um outro modo
de gostar
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toda dor é ridícula
toda paixão é ridícula
toda razão é ridícula
toda
coisa
(só não o amor)
é ridícula
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