quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

das ingenuidades...

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"paga a realidade com sonhos"
Adolfo Montejo Navas
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Daniel Bilac









































o amor vai 
do essencial 
para o emergencial
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fingimos ser ingênuos para descansar dos chatos
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eu não sou
e nem possuo
o que posso
quando a noite 
cai
o tempo no escuro
não amadurece 
o cedo persiste 
até que no dia amadureçam
todas as coisas
em excesso
vulgares 
sexuais
e interditas
até que a lua
nos 
separe
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a verdade
come 
no meio dos vazios
da mentira
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o cheiro da pele
não se reparte
por isso a dificuldade
de tantos corpos
ardentes
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quando a noite se abre
o corpo
perdura mais uma vez
no colchão 
fundem-se no humor
irônico 
da escuridão 
aqueles pensamentos
seguindo um traço confuso
triunfos 
desejos
deserções 
desertos
o escuro é bem deserto
a gente tem que pensar 
oásis 
antes do dia seguinte
e antes que os pássaros 
evaporem
do céu 
pela 
manhã
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geometria:
lâmina sob a lua
o raio de uma estrela
corta
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pessoas que são ecos
o que não ecoa
foge
aquilo que ecoa
é aquilo que se fixa
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memória fraca
funciona bem
com poesia
forte
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se eu fingir 
tão completamente 
eu me perco 
os meus poucos olhos 
me revelam
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o meu tempo 
é como um pêndulo 
de oceanos
um grão só de areia
atravessa cada segundo
as horas
ostras
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o que restará das diferenças 
se a palavra de ordem
é forjar?
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a repetição 
se apropria 
do meu cansaço
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o Amor eu repito
como uma distância 
ao contrário 
se reverte em Roma
longe
igual
o Amor
de
mim
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somos cópias 
referências do que sabemos 
e reconhecemos 
fazemos clichês aos milhares
vendemos a mesma ideia
simultaneamente 
com permanente
disfarce
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as referências 
nos transformam
no que somos
cadeia dna vírus 
bactérias vida vital
é entender o todo
encadeando-se emparelhados
e nunca conseguir
dar um basta
o que é único 
esse modo exclusivo
um dia desaparece
sem deixar sinal 
ou nenhum
rastro
nem mesmo a memória 
se dá conta
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como poeta
minto nas histórias 
sem julgo
sem juízo 
para os outros
o fim é o começo 
mas eu não sigo
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monumento
vidraça 
aos cacos 
viro
ruína
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