sexta-feira, 12 de setembro de 2014

dos intrusos...

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"aqui não é preciso nada
guardo o lugar
com palavras"
Julio Carvalho
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mineração

o poeta sonha com línguas
fluindo sem fronteiras
como paisagens na janela
de um comboio de trens
o poeta sonha com idiomas fluindo
sem fronteiras
como paisagens 
na janela de um trem
um trem que transporta 
minérios
gerais
o poeta era das gerais de minas
sem línguas de rios
porque em minas não tem mar
o poeta tem a sensação 
de que a lingua passa pela janela do trem
sem mar
apenas pelo rio
apenas pelo trem
o poeta sonha 
com uma lingua fluente
como um rio
como um trem
que atravesse fronteiras
línguas-rios dentro de um trem 
sem mar
o poeta quer a paisagem 
pela janela com rio
com mar e poesia
e o comboio
como a vida
um trem
de ferro
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não tenho paciência
para o vácuo
tanto das coisas
quanto das pessoas
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não gosto de curtir o decorrer de uma ilusão
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olhar amarelo

deixo minhas coisas como elas estão
dentro de uma combinação de circunstâncias
procurando evitar possíveis crises
mas
essas conjunções
disjunções
não são tão simples
a imagem do cais 
desaparecendo
lentamente
até sumir na outra margem
as nuvens se dissolvem
na ansiedade
nas veias 
nas mãos de espantalho
tremendo
essa coisa crônica
que não sei onde mora
querendo virar
desespero
e revolta
o mundo todo parece
querer dar adeus
ao sossego
- estamos aqui 
pediremos ajuda
para não
desmembrar
um barco não pode ficar
à deriva
por tanto tempo
senão
forma e coisas 
se desconectam
ou desaparecem
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paixão & amor 
fazem pequenas combinações com 
ansiedade & angústia
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a
par
a
doxos
tudo 
o que poderia
aliviar sua memória
atrás de uma porta
que não existe
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intruso entre intrusos 
introduzo
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