"aqui não é preciso nada
guardo o lugar
com palavras"
Julio Carvalho
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mineração
o poeta sonha com línguas
fluindo sem fronteiras
como paisagens na janela
de um comboio de trens
o poeta sonha com idiomas fluindo
sem fronteiras
como paisagens
na janela de um trem
um trem que transporta
minérios
gerais
o poeta era das gerais de minas
sem línguas de rios
porque em minas não tem mar
o poeta tem a sensação
de que a lingua passa pela janela do trem
sem mar
apenas pelo rio
apenas pelo trem
o poeta sonha
com uma lingua fluente
como um rio
como um trem
que atravesse fronteiras
línguas-rios dentro de um trem
sem mar
o poeta quer a paisagem
pela janela com rio
com mar e poesia
e o comboio
como a vida
um trem
de ferro
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não tenho paciência
para o vácuo
tanto das coisas
quanto das pessoas
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não gosto de curtir o decorrer de uma ilusão
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olhar amarelo
deixo minhas coisas como elas estão
dentro de uma combinação de circunstâncias
procurando evitar possíveis crises
mas
essas conjunções
disjunções
não são tão simples
a imagem do cais
desaparecendo
lentamente
até sumir na outra margem
as nuvens se dissolvem
na ansiedade
nas veias
nas mãos de espantalho
tremendo
essa coisa crônica
que não sei onde mora
querendo virar
desespero
e revolta
o mundo todo parece
querer dar adeus
ao sossego
- estamos aqui
pediremos ajuda
para não
desmembrar
um barco não pode ficar
à deriva
por tanto tempo
senão
forma e coisas
se desconectam
ou desaparecem
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paixão & amor
fazem pequenas combinações com
ansiedade & angústia
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a
par
a
doxos
tudo
o que poderia
aliviar sua memória
atrás de uma porta
que não existe
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intruso entre intrusos
introduzo
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