segunda-feira, 8 de setembro de 2014

das lunações...

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“A luz sucumbe; 
o mundo sorve a escuridão invernosa
E por todo o lado
Vastas cidades abandonam-se aos seus fantasmas...
O poeta, à escuta de outras vidas
Como a sua, recomeça: 

"E é tudo delírio...”

HAMILTON, Ian. "Poet" / "Poeta". 
In. Cinquenta poemas. 
Trad. Nuno Vida. Lisboa: Cotovia, 1995.

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lunática

em roxo
um
raio
de lua
desceu
corrói
a fresta
através
da porta
na sua própria
instância
insistente
um velho
cravo
despejado
vazado
ao alvorecer
no apelo
negro
da noite
depois
de escalas
de todas
as cores
do espectro
da manhã
cala na
noite
o sono
na cama
o seu fluxo
desfeito
alinhavo
no avesso
do dia
um desenho
projetado
roxo
em movimento
em forma
de cálice
pólen luminoso
que ainda funde
na noite
o roxo
único
de suas
escalas
de seus escapes
sobe
o raio
rumo
à lua
nesse instante
penetra
junto
seu raio
ínico
no mais íntimo
traço
oco
grão
foco
embaçado
na areia do deserto
que envolve
dois oásis
um refluxo
de luz
eclipsa
a rua
o gato
o galo que finge
o dia
sucumbe a lua
à cor
mais alegre
entre os prédios
o raio
a cor
insistente
a lua estoura
tudo o que
interrompe
o roxo obsessivo
o olhar
alcança
a parede
cálice em estilhaços
selva de cacos
ausentes
só a redondeza
reunida
em um ponto
de luz
na noite
fustigando
um esconderijo
espontâneo
então
a cor desaparece
quando
forja o dia
talvez um feixe
de luar
roxo
de vergonha
.................................................................................................................................

lua cheia
me altero
sanguíneo:
volto a lua
escondida
desde a infância
entre as nuvens
.

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