terça-feira, 15 de março de 2016

das direções...

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"Há entre o coração e a pele 
cumplicidades para cujo entendimento 
apenas corpos como o dele às vezes contribuem.
Olhando-o nos olhos não é fácil destrinçar 
do alcantilado coração a cama onde dormíamos, 
ao mais pequeno sopro o sol parece evaporar-se.
Por esse coração, ainda que escarpado, 
era, no entanto, fácil alcançar a pele, 
o mar à força de bater na rocha 
ia ficando a pouco e pouco em carne viva."

Luís Miguel Nava. "A pouco e pouco". 
In:_____. "Como alguém disse". 

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‪#‎dialogos

na medida do impossível
passam as dores de cabeça
quando não se falam
por palavras intensas
o possível
acontece
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‪#‎dialogos

iguais as suas fotos
que não falam 
mas cantam pelos 
seus olhos
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‪#‎dialogos‬

procure a alma
sem a calma
porque hiperativos 
não sabem o q é calma
mas a alma sim
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na poesia
nada se explica
tudo se
transporta
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dia de poesia lá fora
e tem
gente que olha
pela janela
espia o outro 
dia
esperando 
poesia
porque a vida
em cada quarto
anda isolada
e as coisas de fora 
acabam
descartadas
esquecem
que poesia
é o que se joga 
fora
são as palavras esquecidas
que mesmo
apagadas
se bem cuidadas 
aquecem
o
coração
das pessoas
solitárias 
e dos poetas
abandonados
a poesia é o cuidado 
com o resto das coisas
atiradas
do outro lado 
da janela
de todos os quartos
casas
redemoinhos
enxurradas
bolas de papel 
e rascunhos:
a poesia é a distração
com nada
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blasé sendo cult...

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além disso
pensar traz muita pedra 
e pouco caminho
por isso eu
poeta
um reformado de letras
o que me resta fazer? 
dispensado de letrar 
me dispenso de pensar
aprendi nos muitos anos de letras: o tempo anda por palavras
a gente tem é que ficar levezinho 
e sempre apanhar boleia 
numa dessas poesias da vida
por exemplo:
qual é a palavra para dizer futuro? 
assim
como se diz futuro? 
não se diz
na língua deste lugar de poesia assim
porque futuro 
é uma coisa que existindo 
nunca chega a haver 
então eu me satisfaço 
do atual presente
e só 
por isso até esqueço as coisas
mas só pela parte de dentro 
a parte de fora
guarda na memória da pele 
de cor
e assaltado
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waves

me amam braços
que atrapalham
nasci e nasceu comigo
esse poema
capaz de me desvencilhar 
desses braços
o que sinto sobre isso
reina na terra
dos segredos
tenho um rosto
voltado para a lua
e gosto pelas marés
vim ao mundo
e em meu caminho
eram ondas
e abraços
que aprendi a cruzar
feito fagulhas
fogo que respira nos pulmões
e eu louco
sou fera que avança
levando um flor
buscando um abraço
tecido com fios de chuva
assim quando eu me entregar
me afogarei
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