terça-feira, 20 de outubro de 2015

dos rasgos...

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"antes que você durma 
falemos dos seus olhos
antes que eles sumam sob as suas pálpebras 
falemos dos seus olhos
ou da voracidade do seu corpo 
ou do açúcar na sua voz
qualquer coisa que me faça entrar abruptamente
em estado catártico 
até que se diluia o engarrafamento.
você sempre se desculpa 
por me chamar tão tarde, 
mas a verdade 
é que eu gosto de reparar
no retrocesso dos carros, 
no cessar das buzinas
nos corpos entre luzes 
e nas aves de rapina:"

Felipe Andrade
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guia das paixões transversais
dessas entaladas na garganta
de um lado a outro
uma paixão
é uma ânsia
um rasgo
descontrolado
até o próximo
encontro
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poesia
não é cor
que se cheire

(pausa)

e vivam os poetas
e suas imoralidades
em rimas
públicas
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cata
do chão 
a memória
como se fosse
semente
entende que não se planta
e nem adianta
nada
esse exaustivo
rememorar
momento
que escapa
não nasce
muda nenhuma
acontece
a planta arde
em cada cabeça
decepada
pelo tempo
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não temos nada a reclamar
porque você não veio
não temos nada a dizer
porque você não veio
não temos nada a fazer
nas ausências
não temos nada a sentir
nada a perguntar
nada a declarar
nem eu 
nem meu 
coração
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kamikaze*
é o caso
da morte do outro
por 
amorosos
acasos

tiro santo
as tuas asas
não tem chão
nem lhe sobra
pena
nada

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me assusto 
quando percebo 
minhas pegadas 
sobre todos 
os caminhos humanos
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e eu aqui 
alucinando
enquanto 
parece
que você 
só gosta
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#homensraros

















sobre  o projeto ‪#‎homensraros‬ a Erick Guerra : 

se você perceber é sempre relacionado ao olhar
preservo sempre os olhos 
e modifico a realidade da foto 
fragmentando ou alterando o entorno

(eu não tenho visão periférica)

vamos dizer no bom sentido 
que é uma vingança estética 
contra um incidente inevitável...
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