quarta-feira, 21 de outubro de 2015

das coberturas...

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abertura para um sol em tuas costas
um pomar na ponta dos teus dedos
sua pele uma música sopra arrepios
a boca assaltada atravessada por águas
as palavras ardendo em silêncio eriçadas
tempestades de desejo enluarando lábios
calmo paralisado olhando atônito
teu rosto esta costura em meu coração
assediado por minha ânsia faminta


Julio Carvalho adaptado de Kleber Lima
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para André Vareiro

porque escrevi estou assim
menos intenso
e sei de alguns que não escapam disso
ampliam
a intensidade
que eu trago por dentro
e o outro amplia
nessa lupa
de aumento
indecentemente
porque escrevo
ao contrário do outro
que terminou com a poesia
por momentos
esporádicos
entre drogas e sentimentos
de ausência
demais
demais
a poesia também termina comigo
e se desarranja
porque não encontra espaço
me abandona ao meio dia
e no meio da noite
me espanta
e eu escrevo
essas letras
pequenos répteis
arrastados
entre as rimas desencontradas
só para outros morrerem
envenenados:
esses que leem
ao pôr do sol
.

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