sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

das flores...

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"e quando o circo
dessa vida absurda
me comprime na plataforma
eu sei saltar de costas
e flutuar do nada"
Julio Carvalho
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Memória das Flores

escrevo para me conhecer
e não quero mais 
o sarcasmo do acaso
nem um rascunho de família
nem alimentar o foda-se
não quero aparar as pontas
nem escrever a grosso modo
morder-me
só de gozo
e manter a língua afiada
os poemas em estado de praça
e ao ar livre
o leitor
a primeira vida
a divina comédia
a primeira vista
decerto alguma paixão
e desertos
e seus oásis
a continuar
em pé
e como todos sabem
o que acontece
todo fim de ano
o tempo 
das flores escassas
as marcas daqueles
que crescem
e as marcas
daqueles que murcham
o tempo tem dessas coisas
chamadas 365 dias de ano
que bem nem sei até onde vai isso
que bem eu mal sei lidar com isso
mas então vem certa coragem
na forma de olhos meio apagados
e a sujeira foi se abrindo
no meio da engrenagem do tempo
e da memória
com a sujeira nas mãos
ela foi selecionada
em alta voltagem
com a vantagem
de restar só o liso das palavras
e os contornos terceiros do mundo
ainda assim sobra a beleza
da prévia de tudo
desse escuro
chamado desconhecido
tramado
futuro
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