sexta-feira, 11 de abril de 2014

das trocas...

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"não nos peças a palavra que esquadre por todo o lado
a alma nossa informe e com letras de fogo
a declare e resplandeça como um croco
perdido no meio de um poeirento prado."
Eugenio Montale
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trocar a pele
trocar de roupa
é expor o nu
desesconder a vergonha
atirada num chão de vidro
onde tudo muito transparente
incomoda
só o tempo faz a transformação
faz o não acostumar-se
e o modificar
é preciso
arrancar a pele
que já não aguenta mais
tantas
cicatrizes
o novo é algo que se constrói
algumas vezes
na transparência da dor
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aturdido
(adoro essa palavra)
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em resumo
toda a minha vida de poeta
tem sido uma luta constante
contra a reação
e morte das palavras
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uma manhã andando
num ar de vidro
felicidade alcançada
caminhando
em fio de lâmina:
de braços dados
chamei-lhe
vida
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de passagem:
ferro a vapor
ironias a seco
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