sexta-feira, 7 de março de 2014

das estruturas...

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"de que é feita a poesia?
- de maiúsculas mentiras,
minúsculas verdades,
dúvidas à vontade."
Cris de Souza
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- Lendo Robert Walser:

esperei 
tanto tempo pela doçura
tons e saudações
traduções apenas
de sons
agora eu não espero
nenhum som ou tom
de fora
aqui meu corpo
uma janela
trancada
e uma sombra
baixando
atrás da porta do quarto
mesmo  assim
continuo querendo
tantos destinos
e nem peço demasiado
para estar em um deles
eu me fragmento
para que cada parte
de mim
possa dar conta
dessa sombra 
que se forma 
diariamente
lá fora
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documentério:

um circulo de palavras
enterradas
e um cansaço
de longa data
que resiste
no meio do livre atravessar 
pelas pessoas
o mesmo cansaço
tão intenso como
a ansiedade
das unhas roídas
e sob a pele
um mesmo homem
puído
corre o risco
de espantar
memórias
antigas
e se refaz
nos dias
que são suas covas abertas
e nisso 
as migalhas do tempo:
uma ampulheta
presa
na garganta
- aguardando 
um grito 
que tem de acontecer
antes 
daquele último 
grão 
de areia
..................................................................................

desisti dele
como Kafka
porque tive medo
de não entender
sua metamorfose
..................................................................................

adolescência:

eu era infeliz
e já sabia
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entre
gentalhas
genocidas
genitálias
e suicidas
o que muda é a praxe
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