sábado, 15 de março de 2014

das confissões...

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"O destino é uma útil invenção dos homens"
Adolfo Bioy Casares in "O Sonho dos Heróis"
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quero ter o direito de ler enquanto fico sozinho
de soletrar felicidade até o fim do alfabeto
de ter uma paixão que ultrapasse o ultimo fio de chuva
de possuir uma grafia tão impecável 
capaz de reescrever todas as galáxias
quero isso: a possibilidade de ter pressa e realizar
de ter sorte e sonhar invertido uma realidade-sonho
(porque só o sonho cansa)
quero uma visita para ontem
sem nada programado
um de repente aconteceu já foi estou feliz nem percebi
quero um reflexo de mar: um espelho às avessas
quero descarregar despojos de guerra 
dessa confusão de luta desamada 
quero requintes de carinho 
e outras mais novas descobertas ainda para acontecer
quero um alento entre livros e colírios
quero o eco em carne e osso da minha voz
quero muito mais lembrar só das coisas boas
quero desesquecer dos sonhos quando acordar
quero a precisão do inesquecível
quero principalmente entender 
porque nenhum dos meus quereres é assim
um algo acontecível
#prontofalei
já disse tudo
quero apenas o que
confessei
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não quero essa obrigação
de amanhecer
e ter medo de fazer coisas diferentes
queria um dia feito
manhã tarde noite
sem horas
e sem medo
um dia igual
tela 
em branco
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vou sempre além de mim mesmo
escondido no meio do verso
ironias à parte
onde me escondo
me revelo
descoberto
raros os acertos
percebo
que sempre registram
a minha falta
mesmo a fonte escancarada
falta d'água
hoje sou eu
que estou 
me livrando
da verdade
essa pureza recusada
agarrada na pele
áspera
.......................................................................

esse quadro 
na parede
me irrita
essa moldura
me limita
minha métrica
é uma parede
um mural
um céu
eu sou metro nenhum
desmedido
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