quinta-feira, 31 de outubro de 2013

da insensatez...









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"assim começa o dia no corpo: antes do sol"
Julio Carvalho































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não tenho formas de voltar à casa: 
ela me foi arrancada do corpo
antes do tempo


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eu levo a poesia até a insensatez 
a falta de costume 
ao desuso
escrever poesia
consiste em levar ideias
a extremos para que fracassem como aprendizagem
é uma abdução de sentidos
e seus aliados universos absurdos
é renegar a palavra
armando-a
amando-a
ardentemente


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uma cabeça cheia de minhocas:
use-as para pescar ideias


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a coisa toda está tão difícil
que estou aprendendo a amar
em parafuso


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mastigando com os ossos

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é preciso ouvir toda aversão

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infortúnio

arranha os céus da noite
sob a circunferência dos faróis
dos carros
rumores tóxico-
poéticos
e nuvens de aço
cortaram a carne
desordenada
numa placa mal anotada
assassinaram a palavra
mais que o morto
lia-se:
assidente 
fatal

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blefe
sem mais nem menos
tabefe
eu não bato: abato
quem não me acate
eu esquento e vira chá
mate


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quem?
nós poeamamos 
como eu poemei
isoladamente
naquele papel
no chão
e nasceu
a flor
a flor (do poema) é um efêmero
discreto


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