o que é sólido desmancha no ar o que é só lido desmancha em qualquer lugar
Nada
nada de ovo no front, nada de ovo na vida, nada de ovo no novo, no velhovo reprogramado. nada dentro da casca nada do lado de fora afoga do lado de dentro nada de agradecimento de quem nasceu primeiro o novo ou a galinha morta .
argamassa argumenta alguma coisa sem pé nem cabeça sem graça nenhuma a maldade do outro lado da rua - pimenta no olho do outro é ar fresco contanto que não arda no olho da gente que qualquer pimenta não faz a menor diferença
o colírio da massa é festa feriado futebol posse carnaval e desgraça .
. VELHA CASA "River flows back to me". Bomb The Bass
meu pai tinha dores que nunca iam para a cozinha eram dores que só ficavam presas dentro nos quartos da casa feito moscas voando em volta da cabeça dele e da minha mãe minha mãe por sua vez teve dores de uma vez só não teve nem tempo de guardar o sabor dos gostos e das coisas que eram feitas no fogão - minha mãe morreu sem gosto de nada nos olhos .
. existe amor moderato? e a coisa intensa que dizem que não existe mais?
onde as peles e as pernas e os pêlos se perderam? eram coisas que estavam sempre juntas dentro das tramas dos tecidos e das tramas dos corpos unidos sobre a leveza cínica dos lençóis que nem escondem nada e a vergonha passa longe dos quartos e das camas porque amar um outro corpo é coisa de além das portas além dos portos e dos corpos além dos saltos e terremotos e das outras desgraças afins
quem dera um dia encontrar esse amor de fora dos quartos em mim .
Video edit from www.hellovon.com . onde andam esses pássaros encarquilhados perdidos no meio da mata urbana pássaros de amor vendido que nunca foram atingidos por flecha nenhuma de cupido e ficam sem ar sem lar desamados completamente carentes dentro de corpos sem vida e presos porque as flechas não chegam dentro e os pobres pássaros tristes pelos seus corações cativos
. “A Paulista não é o coração de São Paulo; é o ataque cardíaco” http://pirex.com.br/
suspiros poéticos e maldades das ruas da cidade onde mais nada cabe de tanto carro à venda e uma venda nos olhos acompanha a violência quem quer olha quem não quer vende o corpo a alma a mãe o padre o que quer nem o sagrado cabe mais dentro e o que está dentro vomita vento
o resto é só uma questão de medo
na outra esquina até mudar a cor do sinal não pare: corra .
“É preciso aprender a caminhar com as dúvidas.” Flávia Stefani . MANUAL DO DESUMANO
inspirado COM MEUS BOTÕES quero ver se isso aqui vinga e aparece se posso escrever em paz essas histórias em segredo de cuidados de tudo o que se fala demais e cansa tem que ser um desabafo uma não-conversa autorizada um falar mesmo falar até cansar
shoot the breeze nomear todas as coisas que matam por dentro imaginando que alguém ouve - uns com boas intenções podem tentar mas não adianta: e até quem mais te ama entende suas vontades até um ponto depois é a cara de espanto sem capacidade de entender um rosto um olho um algo posto de lado no extremo oposto do corpo tão humanamente limitados de um jeito ou de outro só se importam mesmo com suas páginas e páginas de manuais consultados que não decifram zero
o remédio está nos poros: nas mínimas pessoas próximas que sabem do bom e do certo e diminuem as dores de dentro pra fora
enquanto tudo isso em segredo está sendo escrita outra página... .
. hiper-realidade: quem disse que eu não posso escrever tudo aqui imediatamente agora? . olhos em gotas e o gosto de olhar tanto que olha sempre repetido pra onde vê e bem entende que as coisas não vistas visíveis em outros lugares estão tão distantes escondidas e atrás de tanta coisa junto dos outros olhos confusos em tanta luz e luz e luz informação grau imagem foco óculos e olhos falantes e lentes - é quando tudo é muita coisa e só faz lágrima .
. dos fluxos das flores de água a ocupação dos seios puros os sentidos dos remos muros nos outros barcos insetos ocupando a beira do rio o frio o frio navegante a pessoa percebe em cada rua o rumo de um
dentro da pessoa com as direções perdidas há a poesia em vários uns .
olhar de longe olhar as pessoas-agulha pessoas-elementos-enfiados artificialmente em lugares públicos
bocas costuradas até que algum judas as separe as pessoas-moscas em volta alimentam carne inveja medo tédio ódio o vício dos restos que levam até onde não podem mais ver onde penetram feito vudu o corpo sente tatuagem agulha sem cor a queda arranha o chão de costas cede a agulha o inseto o corpo
quem tem cala a boca já imunda de fala suja língua lava com sabão a outra mão esfrega no chão e suja tudo de novo a boca seca agarra o outro lado da fala desesperada pra não ficar muda não se sabe nada do que já foi dito agora é tarde e corre o riso
. Talvez a homenagem mais criativa que eu vi àquele que nos deixou há pouco: Clique no link abaixo, aperte play e espere Michael começar a cantar. . the best tribute for Michael .
quando metia a chave em uma porta abria tudo qualquer coisa qualquer lugar não tinha segredos era uma invasão de pensamentos e coisas atrás de cada giro de maçaneta abria-se portas de prisões bancos apartamentos bares prostíbulos casas de cama mesa e banho o que pudesse tivesse chave estupro entrava invadia sem o menor pudor e poder só não podia mudar e abrir mesmo o seu ele próprio
(dentro ele dentro da casca ele dele não gosta do que a língua toca e revele dele)
nunca teve vontade de sair do outro lado era tudo muito escuro .
ele soube – o seu sangue soube faltava o gozo entredentes
era a hora da mudança
agora para tudo está já sem voz não tinha mais escolha de nada alguma outra coisa antiga já tinha ido embora apagada sumiu da memória esqueceu de vez em quando e quando ele se sentia estranho com alguma outra lembrança escapava pelos pés devagar andando nas suas pontas tentava não apagar tudo outra vez chegou mesmo a sonhar – adormeceu portanto – mas era tarde da noite e tarde da tarde acabando tudo em poucas horas dia após dia se atracava e sabia que mudaria aquilo que era antigo e preso atrás de si só havia um mar instável
embaixo d’água suspendeu a respiração tinham ficado os óculos seus únicos olhos
. para o poeta era uma questão de amarelo ficará impresso num caractere assim meio aceso atrás da porta o livro não abre mão da palavra tinha de ser perfeita
para todo o resto do mundo era uma questão incolor sólida
o poeta ofereceu a palavra aberta sobre o peito
a porta abriu em vermelho . . . . . . todo poeta é escolhido para sangrar .
. "En algún lugar debe haber un basural* donde están amontonadas las explicaciones. Una sola cosa inquieta en este justo panorama: lo que pueda ocurrir el día en que alguien consiga explicar también el basural." De Un tal Lucas Cortázar, Julio; Cuentos completos 2, Buenos Aires, Alfaguara, 1996 . . . num mundo tão rápido quem garante a verdade depois de amanhã?
(o aterro* das informações precisa ser explicado e quem explica as informações? o mundo um hipertexto um mundo um link delas?)
linguagem imagem atitude nova que morre logo - informação crucificada adeus dará a quem?
só um manifesto lento detém mortes desse tipo montes de coisas tipo toda informação fastfood agora agora agora mesmo nem tudo precisa morrer resistindo a vida no ágora louca solta sem medida em praça pública . . . . . . uma vez morte informada qualquer vida será bem vinda com todo mistério mais que morrer .
orgânico um o corpo prepara o cheiro para amanhã orgânico dois o chão não planta nada hoje orgânico três não se pisa na grama lavrada úmida orgânico quatro os trevos de quatro folhas secaram orgânico cinco dentro os livros secaram as folhas juntos os trevos orgânico seis o solo tem teclas de piano em branco e preto brotando orgânico sete as flores nos galhos os galhos e o vento em música orgânico oito o som se espalha semente longe orgânico nove o chão se abre de novo cuidando-se planta orgânico dez de algum modo novo o corpo continua solo .
. corpo é continuidade o corpo é o tudo o corpo é o tubo por onde passam indigestões e as sugestões mais absurdas e mudas as mudanças mais estranhas e diárias dores de cabeça e dores no peito e dores de barriga dores inomináveis e as dores viscerais que nem sabemos o que são equipes médicas de plantão sugerem autópsias e exames mais detalhados e não chegam a conclusão nenhuma o corpo precisa de outros ares e se adapta às leis da sobrevivência e ignora tudo: tem vezes que o corpo é surdo
a razão não é uma foto 3X4 nem agora é a hora certa a fotografia é outra .........................à margem da vida e os barcos rostos pequenos acidentalmente atirados na correnteza nada a perder nem nada a entender apenas faça-se o fluxo .
. . olha só eu adulto: eu chuto nuvens eu chuto baldes eu chuto as inundações depois das chuvas e as correntezas irritantes sempre que tudo fica muito igual as coisas causam se não causam nada nenhuma intenção besta basta o que me resta eu invento o que presta eu pego logo antes que seja surja outra nuvem suja e eu chuto tudo de novo .
momentos de crises qualquer crise um calor macio em volta de seus ombros e sua alma uma vontade de nem alcançar as coisas atiradas pro alto deixar escorrer pelo poro macio tudo que já não abastece os saltos poéticos ornamentais emocionais entre outras coisas tais que não se fazem mais e que acariciam e aquecenganam os recursos últimos íntimos dos seres humanos: drugs & sex & strange vibes
mãos ao alto e acesas e as coisas postas em oração como reza brava de abrir o chão e fazer chover até canivete e matar cachorrada a grito alimentar a alma com a fé dos outros ali manter a calma sem gritar tão alto é impossível julgar ascetas, os penitentes, os místicos jogar com os pulsos dos outros é cortar consciências é correr contra suas próprias penitências pelo meio pela metade pela glória de nossos senhores amém
. painel farol placa de trânsito faixa de segurança meio fio guia calçada rua estrada nenhuma parada quase nada desvio ponte sobe desce alguém sabe onde fica isso o carro roda até o posto novo enguiço gasolina tanque motor fumaça do outro lado outra estrada passa boi passa boiada que nada boiada nem existe mais peço ajuda a algum rapaz que não ajuda em nada que nada mais um estágio da viagem outro pedágio depois da curva outra curva o mundo se curva e a estrada dá volta e volta e volta uma serra outra serra um morro outro morro eu morro de tédio de tanto morro socorro o pneu está furado por um maldito buraco do lado da pista outra parada não insista que banheiro agora não dá e continuo eu cuspo a poeira do caminhão que passa e entro de novo no carro com cara amarrada a viagem acaba no meio do nada e nada me conforta conforma confirma e eu de novo procuro uma volta meu deus porquê sai de casa agora devia saber que cada coisa tem sua hora será que toda viagem também tem essa cara de coisa vida mal acabada? .
. quarenta e quatro anos: Deus fez o mundo em sete dias o meu é refeito a cada vinte e quatro horas Julio Carvalho .
DESNOITADAS NA CARA
tudo quando é noite escuro se constrói ver melhor com luz apagada as coisas são calmo estático vazio muito inundo tudo nu e nem pensa nas vidas que têm nas gentes que é não é capaz ser respostas
ficar solitariamente entre objetos - horizonte papel pedra carro e néon - esperando sossego apesar da paixão
lançado maltratado mal usado pelo acaso caso só com os desmanches dos outros e os seus animais e seus cães de caça e de todos os cães e dos que fui e sobrou só instinto e os ossos roídos e roupa rasgada e saliva e raiva
e algumas vezes no meio o freio: o feio desvio da chuva
nessas medonhas escuriosidades mais acesas estão as loucuras que se movimentam contra tudo contração do pulso nos mínimos detalhes das coisas entranhas das animalidades das esquinas
nessas noites sem óculos sem ócio entrevendo entrando muita coisa pelo silêncio tudo é um míope embaçado a essa altura hora noite noites
nessas coisas empoçadas nos pés dos postes sacos de lixo – troféus de bares e becos de luxo esganam dele fígado estômago rim rindo do enjôo do pensamento: o dia seguinte
nessas horas uma liberdade louca vagabunda fêmea filhadaputa toma o controle uma vontade de brutalidade de botar um fim
...do outro lado um sol na ponta do lápis acaba de escrever o dia. .
. “medo é a impotência de transformar “ http://www.achuvaimovel.blogspot.com
INTERVENÇÕES ABERTAS
não penso no fim senão não começo nem sempre escrevo e ponho um preço
(até as rimas são falsas)
eu não sou de leve e não pense que eu leve tanto desaforo assim pra uma casa só
(tenho sustos e um assalto em delegacia pra suportar)
as lições de casa mais que bem feitas não são as linhas e os arquivos digitais incomensuravelmente corretos
são escorregões por debaixo das mesas e engasgos e esbarrões e doem muito e pra fazer diferença dor tem que falar alto senão não ensina nada só engana e a gente passa outro analgésico e começa tudo errado de novo
(às vezes eu sou um por acaso e o acaso é um ruído)
eu sou um des acordo breve um espaço confuso no final da frase ( )
quero incandescentemente coisas indecentes com um único fio de luz visível .
. "Os corpos são hieróglifos sensíveis." Octávio Paz
eternal
como contar histórias dos outros se o alfabeto é sempre terminado em Z? um senão só não dá pra tanta coisa e o mundo está cheio de letras mortas que vestem pijamas de livros e livros que sobram no fundo dos olhos dos outros
todas palavras têm um estranho senso de humor quando escrevem dos outros tudo é obviedade quando se olha por cima da pele dos outros a pele é diferente do que a gente veste
queria peles em branco e alfabetos infinitos e o internamente eterno dos outros .
. “O futuro é uma brincadeira que a gente tropeça.” Tom Zé
vide-se
segurar as sensibilidades com muito cuidado pelo lado de dentro segurar tudo pra não cair de maduro ser o tudo muito muito eu nós muita voz muito eles ser vários pontos de vista ou pontos de ouvido e não dar pontos sem nós dois juntos não ter só um rumo e não querer pessoas rasas pra não se encher de rasuras .
. “minha disposição poética??? AMAR a página enquanto CARNE numa espécie per- Versa de FODA.” Wally Salomão
de perto vê-se o médio espaço entre os dedos a pouca coisa entre as roupas os volumes e as metades os sistemas inteiros de inalação e tato e os gostos e os cheiros inéditos muito matreiros e excitantes
de perto a atração é sísmica terremotamente assustadora tanto que se olhar muito nos olhos o medo é de outro tezão ou do demais que desponta nas pontas dos dedos dos pênis e pêlos
nunca tive muita calma com as coisas. minha paciência é um relógio invertido e anestésicamente falando arranco as flores do ralo.
as casas do outro lado sempre estão tão portafechadas: um silêncio como esse às vezes mente. melhor mesmo não falar nada. nas horas sem um relógio o gosto que fica na boca é o que importa. .
. minha biologia diz que sou feito de carne e ossos crus feito minha falta feito outras reencarnações de vidas passadas a limpo sobra hoje/agora o que eu tenho de passagem e posso olhar desavisadamente .
você não faz idéia da falta que um som me faz sentado aqui no meu banheiro escrevo um texto que depois leio e estouro feito um bomba de raiva desses medicamentos (nem minhas plantas me sustentam) todo sabor ou líquido fica sem gosto e os chinelos é o que me sobram quando escuto nestes momentos as músicas que gosto mais .