sábado, 6 de junho de 2015

das postagens...

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"Eu sou uma solidão nua amarrado num poste." 
Roberto Piva
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eu erro um poema à tarde
em meio a tons de vermelho
e um sol desgarrado
assim um poema
liberto
de língua cortada
e o poema
não 
fala
então mergulho
em busca
de facilidades
no fim
da luz do dia
resulto-me
anoitecido
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saiam daqui crianças 
antes que cresçam 
e percam a inocência 
- disse o poeta olhando 
as estrelas
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o poeta se cansou da lua
e roubou sua luz
pra comer no café da manhã 
o poeta se cansou do sol
e roubou seu calor
pra aquecer o almoço 
o poeta se cansou do mar
e roubou o seu sal
pra salgar o jantar
o poeta se cansou de tudo
e roubou o sono
e foi se deitar
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essa hora solitária 
bateu sobre a minha 
cama e respingou
em versos
a hora em que
as palavras
se misturam
em nervuras nítidas 
de folhas
descem às raízes 
e respiram
na resposta
violenta 
dos frutos
um ser de flores
e despertar
é um
jardim
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tu não sabias
que a minha vida assim
não vinha
de perto
e sim de longe
e que minhas vontades
por mais curtas
que sejam
são delicadas?
tu não sabias 
dos meus sonhos
assustados por causa dos medos
que senti durante os dias?
tu não sabias
do amor que tu me tinhas
e do dissabor
das tuas palavras?
se tu não sabias
porque me amastes
em vão 
em hastes endurecidas
e me deixastes 
pálido 
no chão?
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sou um poeta
múltiplo 
multiverso
multifacetado
sou um instantâneo de coisas apunhaladas
das dores que escapei 
um delírio de paixão 
uma falta à mesa posta
uma resistência 
agarrada à emoção 
de um verso 
que ainda vou escrever
alimentado de sonhos 
farto de esquecer
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perco a cabeça 
mas não o coração
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resistir 
com poesia
é aquela coisa da água:
tanto bate
até que
cura
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nuvem
até onde alcanço 
penso 
até onde peso
o céu 
é liso
quase um vulto
agora 
tarde 
nuvem
sumiu
......................................................................

meu coração 
é uma galáxia 
e a via
é láctea
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